O vírus do terror cura-se com o perdão

Razões para Acreditar 9 novembro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

A violência deveria ser extirpada de todas as religiões. No caso do cristianismo, isso está no núcleo da sua matriz: Jesus Cristo condenou toda a violência, mesmo a de quem o tentou proteger. No Jardim das Oliveiras, quando os soldados se preparavam para prender Jesus, um dos apóstolos desembainhou a espada e feriu um soldado. Jesus, não só curou o soldado, como repreendeu o agressor: "Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada morrerão à espada" (Mt. 26, 52). Jesus sabe bem que violência gera sempre mais violência.

 

Apesar disso, também o cristianismo se deixou infetar pelo vírus da violência e da intolerância religiosa. A sua história está manchada pelo sangue dos que condenou à morte nas fogueiras da Inquisição e pelas "Guerras Santas", que de santo nada tinham.

 

O Papa Francisco, na sua visita aos Emirados Árabes Unidos em 2019, num encontro inter-religioso em Abu Dhabi, disse que não se pode utilizar o nome de Deus "para justificar o ódio e a violência contra o irmão. Religiosamente não há violência que se possa justificar".

 

É natural que a barbaridade de sucessivos atentados em França suscitem sentimentos de ódio e de vingança, de retaliação e de intolerância. Estas reações, contudo, não resolvem o problema. Viu-se isso com as retaliações do presidente francês, Emmanuel Macron, na sequência do assassinato do professor Samuel Paty: apenas instigaram e geraram ainda mais violência.

 

O Papa, na sua última encíclica, propõe o perdão e a reconciliação para superar os conflitos. "O perdão é precisamente o que permite buscar a justiça sem cair no círculo vicioso da vingança, nem na injustiça do esquecimento", escreve o Papa.

 

Perdoar não significa abdicar de julgar o criminoso. Antes possibilita condená-lo sem ser vingativo. Para o Papa, aqueles que perdoam "decidem não continuar a injetar na sociedade a energia da vingança que, mais cedo ou mais tarde, acaba por cair novamente sobre eles próprios".

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