Reino

Liturgia 23 novembro 2019  •  Tempo de Leitura: 3

A Igreja encerra o ano litúrgico com a Festa de Cristo Rei. A já longa história da Igreja é rica em episódios ilustrativos de momentos gloriosos e outros tantos lamentáveis, de épocas de fervor e unidade, contrastando com outras tantas de conflituosa divisão e discórdia, de fases de expansão missionária e de outras de notável retração, de “encolhimento” motivado tantas vezes pelo espírito comodista, em lugares tradicionalmente cristãos, como no rico mundo ocidental.

 

A Igreja, manifestação imperfeita do Reino de Deus, aclama ciclicamente Cristo como Rei e Salvador. Para nós causa de alegria, o rei-servo continua a ser proposto a todos os homens como Aquele que deve ser a regra do agir para uma vida plena, para uma existência pacifica e feliz. A Igreja é chamada a anunciá-Lo com a mesma audácia e sabedoria dos primeiros discípulos, com o encanto de quem fala de um grande amor, mas também com a humildade e o desconcerto que advém da consciência de algumas infidelidades a tão grande Rei.

 

A Igreja vive para servi-lo em especial através de gestos e palavras em prol dos necessitados e feridos deste mundo. Esta missão é de todos os batizados. O reconhecimento de Cristo como Rei encarnado nas situações mais vulneráveis desafia-nos a ir mais longe, a procurá-Lo em lugares periféricos, como por baixo de viadutos ou encolhidos no chão do frontispício de um prédio, dentro de uma tenda, num recanto de um jardim público ou num banco de rua. Ele é um Rei que continua crucificado perante o olhar indiferente e distante de uma multidão. Do meu olhar…

 

Recentemente a Igreja portuguesa perdeu uma das protagonistas da luta pela justiça social e pela paz. A economista Manuela Silva, antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), propunha uma atualização da oração de S. Francisco à luz das problemáticas do novo século.

 

«Onde haja exclusão que eu leve inclusão; onde haja competitividade agressiva que eu leve cooperação; onde haja desemprego que eu leve ocupação útil e remunerada; onde haja isolamento e solidão que eu leve uma presença amiga; onde haja injustiça nas relações de trabalho que eu leve a sua reparação; onde haja focos de guerra e de violência que eu leve a concórdia e um gesto de paz».

 

Esta poderia ser uma magna carta para aqueles que continuam hoje a aclamar Jesus como seu Rei.

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