Os imprudentes nunca têm paz

Crónicas 1 setembro 2017  •  Tempo de Leitura: 2

Hoje prefere-se o excesso. Apela-se ao exagero como se fosse bom e a moderação é vista como uma fraqueza cobarde de quem é incapaz de se estender para além dos seus limites.


Os extremos nunca foram bons, nem a imprudência foi alguma vez um meio eficaz de se chegar a um bom fim.

 

Ser humano implica encontrar o ponto de equilíbrio em tudo. A harmonia é uma condição da felicidade que é a paz. O mal é complexo e radical, ilude pela mentira das aparências fugazes e deslumbrantes e não se combate com armas semelhantes, antes sim, com verdade, simplicidade e determinação paciente.

 

Moderar os apetites e os desejos é o primeiro passo de quem busca construir e percorrer o caminho certo.

 

A inteligência e a experiência exigem que sejamos prudentes, que façamos do tempo um aliado contra o próprio tempo, impedindo que as pressas ou as preguiças nos façam decidir fora do momento certo. Assim também com o espaço, nem demasiado longe, ao ponto de nem sequer conseguirmos distinguir os contornos, nem tão próximo que não vejamos senão um detalhe ínfimo isolado e perdido do seu contexto.

 

Uma árvore cresce de forma lenta, mas segura. Ergue-se à medida que se enraíza. Um forte tronco liga as raízes, que buscam sem cessar melhores fontes de alimento, aos ramos, que apontam o céu.

 

O invisível é a razão de ser do visível.

 

Os que gostam de radicalismos não têm paciência para compreender que jamais a verdade se deixará abarcar por um cego de coração e soberbo de inteligência.

 

Há algo estranho nas vontades temerárias de quebrar os limites. Há quem se permita a tudo em nome de uma liberdade que nas mãos de um radical não é um bem, mas um mal. Para si, para os outros e para o mundo.

 

Ser prudente não é ser neutro nem imóvel, implica decidir e agir no tempo exato. Não é para fracos, preguiçosos ou cobardes.

 

Ninguém nasce bom. Sermos bons é o resultado de uma luta constante, onde ao inimigo basta um desequilíbrio para que aquilo que levou anos a construir se destrua numa só noite.

 

Só a prudência nos pode conduzir à paz que é a felicidade.

Artigos de opinião publicados no site da Agência Ecclesia e Rádio Renascença.

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