Não vamos salvar todos!

Crónicas 13 outubro 2023  •  Tempo de Leitura: 3

Mais uma semana e mais um início de guerra. Infelizmente numa zona do globo onde a tensão sempre existiu. Não irei fazer julgamentos políticos, nem muito menos tentar encontrar um lado certo da história. A crueldade dos atos, das diversas partes, durante anos e anos, leva-me a olhar apenas para aqueles que sempre sofrem: os mais desprotegidos e desfavorecidos.

 

São imensas as atrocidades e os crimes de guerra que são relatados. São incontáveis os nomes e os rostos dos que perderam e perdem a sua vida no meio desta sangrenta crueldade. Restam apenas famílias destroçadas. Pais e mães enlutados. Amigos que não se conseguiram despedir. Crianças que se veem impedidas de viver as suas infâncias. Adolescentes que são obrigados a abandonar os seus sonhos para lutar, dia após dia, pela sua sobrevivência. Homens e mulheres que questionam o porquê da sua existência.

 

E não vamos salvar todos. Haverá sempre alguém que se perderá. Haverá sempre alguém que não conseguiremos resgatar desta crueldade. Como viver perante esta impotência? Como seguir com a vida sabendo que tantos como eu vivem debaixo do pó causado por uma guerra? Como seguir com a vida sabendo que tantos como eu não podem senão viver para sobreviver? Como seguir com a vida sabendo que tantos como eu não podem conhecer a vida sem trauma?

 

Não quero romantizar todos estes problemas, mas a verdade é que olhando para os comportamentos e para as diversas dificuldades que têm sido enfrentadas em todo o Mundo, acredito firmemente que podemos salvar muitos se estivermos atentos àqueles e aquelas que vivem próximos de nós. Acredito que podemos salvar muitos se conseguirmos realizar a diferença através do amor e da compreensão. Acredito que podemos salvar muitos se formos capazes de comunicar e de aceitar a diferença. Acredito que podemos salvar muitos se entendermos a importância e a relevância de nos cuidarmos. A nós e aos outros.

 

Não vamos salvar todos, mas será que isso é desculpa para não se fazer nada? Não vamos salvar todos, mas será isso o suficiente para se viver como se nada estivesse a acontecer? Não vamos salvar todos, mas isso servirá para não andarmos obcecados em fazer pontes? Não vamos salvar todos, mas será o suficiente para não nos erguermos uns aos outros?

 

Pensa nos que vivem perto de ti. Pensa em quantos é que não conheces os seus nomes. Começa por aí, por os conheceres e a diferença acabará por surgir.

 

Hoje, antes de voltares para o teu mundo, questiona-te: quantos é que posso salvar? Em quantas vidas posso fazer a diferença?

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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