Mãe, deixa-me…

Crónicas 14 junho 2022  •  Tempo de Leitura: 4

No final de mais um ano letivo estava para escrever algo sobre os jovens. Mas, eis que vi este texto numa rede social. Limito-me a traduzir. Infelizmente não sei quem é o autor.

 

«Mãe, deixa-me crescer como uma criança; se eu não aprender com as experiências, não poderei encarar a vida da melhor maneira possível.

 

Mãe, deixe-me correr e mesmo que faça escoriações nos joelhos; depois de chorar vou aprender que cair significa magoar-me, vou aprender que no perigo terei que ter cuidado.

 

Mãe, deixa-me manchar a minha mesa de cor, deixa as minhas mãos sujarem-se de guache, cola e adesivo, vou aprender com cores a pintar o mundo.

 

Mãe, deixa-me encher a cara de molho, deixa-me descobrir a comida com as mãos, deixa-me descobrir os sabores, deixa-me experimentar, não me alimente! Se tu insistires eu desisto e vou procurar ter razão quando não quiser comer sozinho.

 

Mãe, deixa-me chorar de vez em quando, não corra para mim assim que eu insinuar um gemido, tenta esperar. Eu tenho que aprender a gerir a dor por mim mesmo! O que farei quando tiver que enfrentar dificuldades e tu não estiveres ao meu lado?

 

Mãe, deixa as tuas tarefas de lado de vez em quando, unta o teu rosto com geleia comigo, vamos construir juntos grandes castelos, vasos enormes, pirâmides de Lego, se te  sentares ao meu lado, sinto-te mais perto.

 

Mãe, não faças essa cara quando estou com febre, tenho que adoecer, bactérias e vírus têm que me fortalecer; para de entrar em pânico, eu vou viver sempre com medo se tu o tiveres sempre, quando estás comigo.

 

Mãe, se me deixares com a avó não é o fim do mundo. Eles também precisam de mim e eu preciso deles! Sai e come uma pizza, não vou passar fome e não vou enlouquecer de solidão. Vou aprender, à distância, a não depender sempre de ti.

 

Mãe, se eu for devagar, não corras, não sou uma máquina e preciso de tempo para aprender. Parece fácil para ti o que é incompreensível para mim. Lembras-te de quando eras criança? Também te aconteceu não entender as coisas simples.

 

Mãe, confia em mim, sou pequeno, mas estou aprendendo a viver! Solta a minha mão de vez em quando, deixa-me correr, deixa-me esconder, deixa-me brincar; se me enches com essa camisola, mal consigo respirar!

 

Viva, mãe, e deixa-me viver, respeita os meus tempos, os meus espaços, os meus sonhos!

 

Mãe, não sei se serei engenheiro e não sei se serei um chef: me dá-me a liberdade de escolher, de errar, de entender à minha maneira o que quero ser .

 

Mãe,  não precisas de criar uma criança especial, mas feliz. Então pára de dizer que o estuda é o compromisso mais importante. Deixa-me cultivar as minhas emoções com os amigos enquanto caminho na floresta ou mergulho no mar. Por favor, deixa-me abraçar-te, cantar ou ouvir música contigo.

 

Mãe, deixa-me entender com o teu bom exemplo que esta vida, que começou em teu ventre e que continua a ser vivida ao teu lado, principalmente na infância, é difícil, mas bela. Uma vida que, como uma águia, sobe cada vez mais alto em direção a Deus. Esse Deus que me quis, ama-me e espera-me.»

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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