«O que é invisível aos olhos…»

Crónicas 29 junho 2021  •  Tempo de Leitura: 3

O triste momento histórico que vivemos, ou seja, a pandemia priva-nos da oportunidade de dar voz plena à alegria do dom dos sacramentos da iniciação cristã que nestes meses primaveris estão a ser vividos um pouco por todas as paróquias. Gostaríamos de fazer mais, mas não podemos!

 

Ainda este fim de semana, uma aluna não pôde viver o sacramento da Eucaristia pois a sua mãe testou positivo à Covid, 48 horas antes. Mas para todos, os sacrifícios são reais e, acrescentarei, sofridos. Normalmente, numa festa como convém, até o exterior tem a sua importância porque permite expressar a alegria por algo belo e grande que se recebe… E até na igreja o número de familiares presentes teve restrições.

 

Porém, e esta está a ser a minha experiência, esta situação pandémica tem-nos obrigado, com boa ou má vontade, a ir verdadeiramente ao essencial da celebração dos sacramentos e a redescobrir ou descobrir a única razão de nossa alegria: a presença de Jesus Cristo na nossa vida de cristãos, através dos sacramentos.

 

E isto é uma riqueza! E diz-nos de que vale a pena desistir do excessivo. Se já sabíamos que era necessário reagir à mentalidade consumista e superficial que nos últimos anos caracteriza as celebrações dos sacramentos das nossas crianças e dos nossos jovens, e que os impede de apreender plenamente o valor fundador de tais eventos, as restrições de combate ao coronavírus vieram dar a força necessária.

 

Neste sentido, considero que as limitações sociais que todos nós estamos a passar, podem vir a ser uma graça, um momento favorável, uma oportunidade para resgatar valores que muitas vezes estão mascarados sob aparências puramente externas, e sem qualquer fundamento.

 

Quantas vezes ocupados com as aparências, o nosso coração era incapaz de ver o que "é invisível aos olhos" e que permanece mesmo quando se apagam os holofotes e se fecha o pano do palco

 

Vivemos um momento de purificação que pode ajudar-nos a entender melhor o que significa "fazer a Primeira Comunhão" ou "receber a Confirmação". A oportunidade presente deve ser aproveitada ao máximo não só a nível familiar, mas também a nível eclesial. De facto, obriga-nos a pensar e a refletir sobre a validade de nossos itinerários catequéticos, para descobrir o que deve ser abandonado e o que deve ser revitalizado. No fundo, uma busca pela autenticidade!

 

Apesar de não ser especialista em catequese, como professor não tenho dúvidas que os mais novos são muito mais sensíveis a tudo que tem o sabor e a cor da autenticidade.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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