Não tem mal ficar calado

Crónicas 2 outubro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Não tem mal ficar calado. Não somos obrigados a ter as respostas que todos procuram. Não temos de carregar o peso de colocar palavras em muitas das situações que devem atravessar o silêncio.

 

Não tem mal não ter nada para dizer. Nem tudo se transforma diante da conversa. Há momentos que nos moldam com a ausência. Há circunstâncias que nos renovam com a solidão de nada se ver ou possuir.

 

Não tem mal não saber o que se dizer. Muitas vezes o melhor que podemos oferecer é esta nossa fragilidade de nada ter para dar. E, deste jeito, mostrar que também nos predispomos a caminhar por entre as incertezas. Deixando que a presença fale de tudo o que não foi pronunciado.

 

Não tem mal ficar calado. Precisamos de aceitar isto. Sem incómodo. Permitindo que ressoe em nós o sofrimento, a dor ou a incompreensão do mistério da vida.

 

Não tem mal não ter nada para dizer. É o silêncio que constrói a gramática daquele momento. É o silêncio que conjuga todos os tempos daquele tempo. É o silêncio que leva luz à sombra que não nos permite exprimir.

 

Não tem mal não saber o que se dizer. Assim poupamos o outro com as frases que não nos abraça. Damos o conforto necessário com a presença do olhar capaz de nos unir mais intensamente. Damos o testemunho verdadeiro de acompanharmos fielmente.

 

Não tem mal ficar calado, se na simplicidade do que somos permitirmos que o outro repouse em nós!

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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