Papa aconselha católicos a rejeitar culto de ídolos

Vaticano 2 agosto 2018  •  Tempo de Leitura: 4

O papa regressou hoje às audiências gerais das quartas-feiras no Vaticano, tendo centrado a sua intervenção nas ilusões oferecidas pelos ídolos, «que prometem vida, mas na realidade tiram-na».

 

Ao contrário, «o Deus verdadeiro não pede a vida, mas dá-a», vincou Francisco, acrescentando: «O Deus verdadeiro não oferece uma projeção do nosso sucesso, mas ensina a amar».

 

Asseguram felicidade «mas não a dão» e conduze, a um «vórtice autodestrutivo, na expetativa de um resultado que nunca chega», os ídolos «projetam hipóteses futuras e fazem desprezar o presente», enquanto que Deus «ensina a viver na realidade de cada dia», vincou, falando da idolatria como «tendência humana que não poupa nem crentes nem ateus».

 

«Reconhecer a própria idolatria é um início de graça e coloca-nos na estrada do amor. Com efeito, o amor é incompatível com a idolatria: se alguma coisa se torna absoluta e intocável, então é mais importante do que um cônjuge, um filho ou uma amizade. O apego a um objeto ou a uma ideia torna-nos cegos ao amor», e por isso «para amar é preciso ser-se livre dos ídolos», declarou.

 

Cada cristão deve perguntar-se qual é o seu Deus, dado que a idolatria consiste em divinizar o que não é divino: «É o amor uno e trino ou é a minha imagem, o meu sucesso pessoal, talvez no interior da Igreja?».

 

Francisco lembrou que é possível crescer numa família que se qualifica como cristã mas que na realidade está enraizada «em pontos de referência estranhos ao Evangelho», oferecidos pelos «supermercados dos ídolos».

 

Uma das idolatrias contemporâneas é a adivinhação: «Pergunto-vos: quantos de vós fizeram que vos lessem as cartaz para ver o futuro? Quantos de vós, por exemplo, fizeram que vos lessem as mãos para ver o futuro, em vez de rezar ao Senhor? Esta é a diferença: o Senhor está vivo; os outros são ídolos, idolatrias que não servem».

 

A alocução baseou-se no primeiro mandamento do denominado “decálogo moral” redigido no livro bíblico do Êxodo (20, 3-5): «Não haverá para ti outros deuses na minha presença. Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas. Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás (…)».

 

Seja um telemóvel ou um carro novo, um estilo de vida ou um cargo, «um ídolo é uma visão que tende a tornar-se uma fixação, uma obsessão»: «A ideia de possuir aquele objeto ou realizar aquele projeto, alcançar aquela posição, parece um caminho maravilhoso para a felicidade, uma torre para alcançar o céu, e tudo se torna funcional para essa meta».

 

Como o excerto bíblico sugere, os ídolos «escravizam», exigem um culto, rituais». E se na antiguidade se faziam sacrifícios humanos, hoje, pela carreira, «sacrificam-se os filhos, negligenciando-os ou simplesmente não os gerando», prosseguiu o papa, acentuando que a idolatria pode implicar «renegar» as «coisas mais queridas».

 

«Os ídolos pedem sangue. O dinheiro rouba a vida e o prazer leva à solidão. As estruturas económicas sacrificam vidas humanas», ao mesmo tempo que se vive «na hipocrisia, fazendo e dizendo aquilo que os outros esperam, porque o deus da própria afirmação impõe-no. E arruínam-se vidas, destroem-se famílias e abandonam-se jovens à mão de modelos destrutivos», denunciou.

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