Recomendamos: «Voltar a Jesus»
Vivemos numa sociedade em que colocamos a imagem acima de tudo. Por este motivo, promover um livro é um exercício de marketing difícil. O livro é-nos apresentado pela capa e se esta não for sedutora, já estamos a "perder pontos". Então, temos que "vender bem" o seu conteúdo.
Este é problema que eu tenho ao recomendar o "VOLTAR PARA JESUS. Para a renovação das nossas paróquias e comunidades", de José Antonio Pagola, da Paulus Editora.
A capa deste livro é normal. Alguém que passe por uma livraria. e olhe com olhos de "olhar" e não de "ver", não vai perceber a riqueza do conteúdo desta obra. Temo não estar "à altura" da apresentação que esta merece... Porém, posso dizer-vos que estou "encantado" com o que li!
Não vos quero falar do autor. É "maior" do que eu. José Antonio Pagola é um sacerdote e teólogo espanhol. Licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, possui ainda, uma licenciatura em Sagradas escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma e é diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém.
A sua obra sobre Jesus histórico, criou tanto celeuma que a própria Congregação para a Doutrina da Fé, abriu uma investigação, a pedido de alguns bispos espanhóis. Nenhuma heresia foi encontrada.
Ao ler este "Voltar a Jesus", percebo perfeitamente a "alergia" gerada no meio de alguns clérigos... Pagola insere-se no atual franciscanismo (palavras minhas). Isto é, o autor defende uma renovação eclesial "à maneira" do Papa Francisco: a conversão pessoal a Jesus Cristo; uma Igreja mais atenta ao pobre do que na defesa das suas teses, porque a Igreja só tem sentido enquanto "passa" este amor incondicional de Deus pelo ser humano; a saída para as periferias; a frescura original do Evangelho; a conversão pastoral e missionária...
Ao longo deste obra, Pagola, faz uma "leitura" da Evangelii Gaudium e de quase todos os discursos e homilias papais. Fala da necessidade desta renovação pastoral para ir ao encontro das novas situações que o ser humano vive.
O autor, parte dos novos caminhos abertos com o Concilio Vaticano II, passando pela "novidade" de Francisco e acaba com a proposta dos "Grupos de Jesus", onde o voltar a Jesus, o Cristo, é o ponto primordial de qualquer vivência religiosa cristã.
«Grupos de Jesus é o nome de um projeto que, neste momento, está a dar os primeiros passos em várias paróquias de Espanha. O seu nascimento é fruto de uma convicção básica. A renovação evangélica da Igreja dependerá, em boa parte, do desenvolvimento de pequenos grupos e comunidades que se comprometam a atualizar hoje a experiência inicial que viveu junto de Jesus aquele primeiro grupo de discípulos e discípulas que ouviram o seu apelo e O seguiram.»
É um convite a fugir das reações de autodefesa, de restauracionismo e de passividade do povo cristão, que assistimos em muitos grupos e movimentos eclesiais depois do encerramento do Concilio e ainda hoje.
Para Pagola, bem como para mim, as grandes e duradouras transformações da Igreja, acontecem na igreja local ou paroquial. Se estamos à espera que a mudança "venha de cima", estamos perdidos... E ele já o experimentou "na pele"!
Portanto, se para nós, as férias são um momento de retemperar as forças para um novo ano de trabalho e de vivência cristã, recomendo vivamente esta obra. Imagine-se numa esplanada, ao nascer ou pôr do sol, na praia ou na "terra", com este livro nas mãos... Vejo-o/a a ler, sem parar e a encontrar motivos e estratégias para viver melhor a sua fé em Jesus Cristo
Sim! Porque Jesus é o Alfa e o Ómega da nossa e de toda a vida!