Oh God make me good... but not yet.
Há pouco tempo dei-me verdadeiramente conta que , embora Portugal seja um país tradicionalmente católico , é cada vez menor o número de pessoas que se sentem cristãs e que praticam a sua religião.
É ainda menor o número de pessoas que se assumem como católicas no seu dia a dia , que o fazem naturalmente como algo que faz parte intrínseca da sua forma de estar na vida.
Olho em volta , e vale o que vale, sinto que pertenço a uma minoria que é vista como conservadora , beata e ultrapassada.
A Irmã Guadalupe viveu 5 anos em Aleppo durante a guerra e há uns dias tive o prazer de a ver e ouvir . Interpelou-me violentamente . Falou dos horrores da guerra e na autêntica perseguição que está a ser feita aos cristãos na Síria e no Iraque sem que o mundo sequer pestaneje.
Mas o que mais me atingiu foi a forma como falou de nós, cristãos do Ocidente, da nossa vida confortável, dos nossos valores tantas vezes invertidos, da forma como estamos a criar os nossos filhos.
Falou em cristãos envergonhados, escondidos, em part - time. Cristãos de missa de domingo.
A Irmã Guadalupe conheceu muita gente com orgulho em afirmar-se cristão, descreveu o sorriso de quem está enamorado por esta forma de vida e o demonstra nas ações diárias.
Quem dera que fosse fácil, mas é mesmo um convite radical.
Quem o aceita a sério torna-se Santo, capaz de dar exemplo com a própria vida.
E não são precisas condições excepcionais como no Médio Oriente, onde, como diz a Irmã Guadalupe, ser cristão é ser testemunha e ser testemunha é ser mártir.
No Ocidente tornamo-nos cristãos acomodados.
Falo de cristãos como eu, pecadores com um longo caminho a percorrer.
Um caminho que às vezes se traduz num passo em frente e dois atrás.
Cristo disse que veio pelos doentes, pelos pecadores.Ou seja, a questão não é sermos menos cristãos porque pecamos.
Somos cristãos porque, com Cristo, tentamos viver sem ficar condicionados pelo nosso pecado, descobrimos que o nosso pecado não nos define e por isso, com Ele, encontramos mais sentido para a vida, para os outros e para nós mesmos.
Daí a possibilidade de podermos sempre recomeçar.
Daí também a radicalidade de cristianismo, Amar (como somos Amados a cada momento, conscientes de que Deus nos quer bem e da a vida a cada instante) e Perdoar (como somos perdoados, todos os dias, se o pedirmos).
Seriamos tão mais felizes se tivéssemos no topo dos nossos valores durante as 24 horas do dia o Amor e o Perdão.
No entanto são tantas as vezes que nós cristãos O interpelamos com a frase “Oh God make me good but not yet.“
PS : Obrigada Sacha A Ramos ;-)
Um Santo Natal