DOMINGO IV DA QUARESMA Ano B: «O verdadeiro encontro com Deus!»»

No Evangelho do 4º Domingo da Quaresma (Jo 3, 14-21) João coloca-nos diante de um diálogo entre Nicodemos e Jesus. Da noite deste encontro, Nicodemos acolhe a luz da fé, na Páscoa de Jesus.
 
O diálogo centra-se na vida eterna, vida esta que radica em Jesus Cristo que se propõe como “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6). Esta vida nova que Jesus apresenta vem do alto, uma vida que vem de Deus. É preciso nascer de novo, diz Jesus. Jesus não vem dizer que devemos voltar ao ventre materno, mas fala de um renascimento espiritual que passa por aceitar a presença de Deus no coração da humanidade e deixar-se conduzir pela sua vontade. Morre-se na carne, nasce-se no espírito.
 
Entretanto, durante a conversa que travavam, Jesus faz alusão à Sua morte na cruz “assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo3, 14-15). É na cruz que Jesus demonstra, de forma radical, o seu amor e nos indica o caminho a seguir. Porque não é pretensão de Deus condenar mas salvar.  “A Deus, não interessa instaurar processos contra nós, não lhe interessa julgar, condenar, absolver. Porque a vida do crente não é pensada à medida de um tribunal, mas à medida de florescimentos e de abraços” (Ermes Ronchi – A Esperança que nasce da Palavra, Paulinas Editora). Os cristãos não se podem tornar nos “senhores do templo” céleres em condenar com o pesado moralismo e lentos em amar e acolher com o amor abundante que corre do coração de Deus.
 
Jesus veio para que o mundo fosse salvo. Pergunta o Papa Francisco “O que significa essa salvação? Que significa ser salvos? Significa receber de novo, do Senhor, a dignidade que tínhamos perdido, a dignidade de sermos filhos de Deus. Significa recuperar a esperança” (Papa Francisco – A verdade é um encontro, Paulinas Editora).
 
Não foi a serpente de bronze que Moisés ergueu a causa da cura dos Israelitas picados pelas serpentes do deserto, mas o elevar o seu coração para Deus. Assim, não basta olhar para a cruz como um simples objeto, um amuleto ou sinal, mas perceber na cruz o amor que liberta das muitas picadas venenosas que vamos sofrendo durante os desertos e caminhos da vida. Erguendo os olhos para a cruz fixamos o amor que Deus manifestou por cada um e cada uma de nós.
A cruz é, portanto, a expressão suprema do amor de Deus pela humanidade. A cruz, sinal de amor, “é o caminho pelo qual o Céu entra em mim e eu no Céu, é a ponte sobre a qual se encontram e se abraçam finito e infinito” (Ermes Ronchi).
 
É na obediência aos planos de Deus que encontramos a essência da vida no Espírito. Não me basta ser batizado para renascer, é preciso garantir os meios para estabelecer a relação com Deus e o próximo.

Que possamos iluminar as trevas do caminho e buscar sempre o Mestre que chama e quer salvar. “Deus acolherá certamente todos nos seus braços, mas haverá quem terá de admitir que geriu muito mal – ou desperdiçou irremediavelmente – a oportunidade única que lhe foi oferecida” (Fernando Armellini, O Banquete da Palavra, Paulinas Editora). Não percamos a oportunidade oferecida, olhemos para o Alto de onde nos vem a vida e o alento para o caminhar!!!

Nuno Monteiro

Redator Liturgia.

Professor de EMRC. Adora viajar! Caminhante de Santiago de Compostela e Terra Santa.

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