São Luís Maria Grignion de Montfort
No próximo dia 28 celebram-se o 300º Aniversário da morte deste grande santo e, como antigo seminarista monfortino, não posso deixar de abordar este acontecimento.
O séc. XVII é, para os grandes estudiosos da história da Igreja, o "Grand Siècle" da Igreja francesa a nível espiritual, místico, missionário e de reforma eclesial. Estamos no inicio da implantação da reforma iniciada pelo Concílio de Trento, em resposta à reforma protestante.
O "Jansenismo" encontra-se em fase de expansão. Este defende, de forma "abusiva e absoluta" o primado da "graça divina" sobre a liberdade do Homem: Deus decide conceder ou não a sua graça sem ponderar as boas ou más obras do ser humano. O que é uma teologia muito próxima daquela protestante. Há ainda o "Galicanismo" que defende a "dependência" da igreja francesa do poder político francês.
Porém, como disse Raymond Deville, os cristãos franceses não são melhores que os outros, mas a fé entre eles renova-se. Surgem novas congregações, reformam-se as antigas. Vive-se um clima de santidade. Surgem homens, que impelidos por uma exigência interior, querem dar a conhecer a Palavra: Pedro de Bérulle, fundador da Escola Francesa de Espiritualidade; Vicente de Paulo; João de Eudes; Francisco de Sales; Claudio Poullart des Places e Luís Maria de Montfort, entre outros.
A Escola Francesa de Espiritualidade, na qual Montfort segundo Henri Bremond, é conhecido como o último dos Berullianos, é caracterizada pela grandeza e santidade de Deus. A resposta do ser humano só pode ser a adoração. Esta é teocêntrica, dirigida à Santíssima Trindade; e Cristocêntrica, porque Cristo é a perfeita adoração do Pai. Cristo é o tema, meio e principio da adoração. O Mistério da Encarnação surge assim como central na espiritualidade monfortina: a Sabedoria Encarnada. Graças ao SIM de Maria, Jesus chegou até nós. E é por ela que nós, chegaremos melhor a Jesus.
Montfort entra aos 12 anos no colégio de São Tomás Becket em Rennes, que era dirigido pelos Jesuítas. Começa a formar o seu caráter e o seu estilo de vida. Percebe o que são as missões populares; aprofunda a devoção mariana e experimenta as privações dos pobres, manifestando um crescente afeto e uma atenção particular por eles. É graças a benfeitores que vai prosseguir os seus estudos. Em Paris, sem dinheiro para frequentar o seminário de São Súlpicio, frequenta o pequeno seminário, onde chega a passar fome. Porém em 1695, entra no seminário. Aqui aprofunda a espiritualidade: o Mistério da Encarnação e o lugar de Maria no plano salvífico de Deus.
Numa vida curta, 1673 - 1716, Luís Maria viveu intensamente o Amor de Deus. Missionário Apostólico, nomeado pelo Papa Clemente XI, desenvolve inúmeras missões populares no noroeste de França. Perseguido por muitos membros da hierarquia da igreja jansenista e galicana, tudo aceita como identificação com a cruz de Cristo. Amado pelo povo, promove grandes catequeses e procissões com a construção de "Calvários" e cruzes de missão. A fé para este santo, não é algo intimista ou para viver no segredo das igrejas e dos lares, mas para ser professada e vivida em público. A Igreja é vista como Corpo de Cristo e não como sociedade perfeita.
Foi na sua obra "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", que o Papa São João Paulo II, foi buscar o lema para o seu pontificado: Totus Tuus.
Deixo-vos um pequeno vídeo sobre a vida e obra deste grande santo.
Boa semana.
[Foto: Andres San Martin y Gomez]