O(s) Presente(s) De Natal

Aproxima-se a passos largos o dia de Natal! Todos se preocupam com os últimos preparativos para a Consoada e para o dia de Natal. O frenesim é enorme! E sempre, sempre, sempre… Os Presentes! É impressionante a preocupação e o stress das últimas compras. Há sempre mais um presente a comprar. Não queremos esquecer ninguém… Será?

 

Não quero questionar a veracidade deste gesto que tem tudo de humano e tudo de divino. Parece que a sociedade de hoje esqueceu o que é “verdadeiramente” o Natal, preocupados apenas com a família e os amigos, ignoramos o Menino Jesus, que não passa de uma linda figura num presépio, numa iluminação, num cartão de boas festas ou nas diversas ilustrações e iluminações que “aquecem” as ruas e as casas, mas não a nossa intimidade, o nosso Ser Pessoa. Sabemos que muitas vezes, não daríamos nada, se não fosse Natal. Apenas pretendo fazer uma pequena reflexão sobre esta tradição natalícia.

 

Como conciliar, então, esta linda tradição humana com o verdadeiro Natal? É necessário e urgente, compreender o significado do “presente” na sua relação com o Natal. Antes de mais, ocorre considerar que tal tradição, é própria da essência desta celebração, deste nascimento. Deus, oferece-se a todos nós, de uma forma totalmente gratuita, sem “olhar a gastos”, o Seu Filho Jesus. E oferece-nos, num presépio, pobre e humilde. Se depois, considerarmos toda a vida do Filho de Deus, vemos como Ele se fez presente, para as pessoas que encontrou, dando a conhecer a todos o coração e o rosto de Deus, Pai primoroso e solícito, que tudo nos dá sem guardar nada para si. Ao ponto de dar-se até à morte numa cruz, através do Seu Filho, mostrando assim a medida desse amor.

 

Este é o verdadeiro sentido e significado do presente no Natal: Deus que se torna presente na nossa vida. Faz-se um de nós!

 

A consciência que no acontecimento do Natal, é-nos oferecido, é-nos presente do céu, numa forma totalmente gratuita, o maior e mais precioso presente, faz nascer em nós o desejo de trocarmos presentes, como expressão de alegria que temos no coração.

 

Dito isto, coloco-me algumas questões: Porque escolho uma coisa qualquer para dar como presente? Aquilo que ofereço numa linda embalagem é verdadeiramente expressão do afeto que nutro por aquela pessoa concreta ou é apenas uma forma de ficar em paz com a minha consciência, de me exibir ou de retribuição? Preocupo-me apenas com o valor económico ou com o significado que pode ter para quem o recebe? Estou atento às necessidades de quem não tem o necessário e que, talvez, não possa retribuir-me na mesma medida?

 

Hoje vemos, tantas vezes, prendas que ofendem, humilham e mortificam aqueles que vivem na pobreza e na precariedade. Facilmente, cedemos à lógica da imagem, da opulência e do desperdício que ferem aqueles que fazem esforço para sobreviver.

 

O Papa Francisco, fala-nos tanto das “periferias”. Procuremos abrir as portas das nossas casas e colocar um lugar a mais nas nossas mesas, de forma que este Natal, partilhado com os mais pobres que vivem nas “nossas periferias”, tenha uma alegria maior. Não devemos eliminar os presentes que estão debaixo da Árvore de Natal ou nas meias sobre a lareira, mas fazer com que sejam expressão daquele grande presente que é o Menino Jesus; sejam expressão de amor sincero; pequenos gestos que simbolizam a beleza de fazer da própria vida, um presente.

 

Para mim, que adoro o voluntariado, o estar presente, nas vidas dos que menos têm, radica-se neste amor presente, que é Deus no meio do Homem. O voluntário cristão, sempre que possível, tem o dever de “voltar à fonte”, de toda a dádiva, que é o Natal. Ali compreende que o dar e o dar-se, não é vaidade, egoísmo, opulência, prepotência ou arrogância, mas serviço e partilha na simplicidade, na humildade e na pobreza que são as “marcas de água” deste Deus Menino.

 

No último fim de semana, partilhei desta forma de presentear, na Festa de Natal do Centro Padre Alves Correia. O CEPAC é uma IPSS, que apoia populações em situação de exclusão, sobretudo imigrantes, facilitando o acesso a bens e serviços essenciais. Mas isso, será objeto de uma próxima crónica sobre voluntariado, porque esta já vai longa.

 

Um Santo e Feliz Natal para todos vós e para as vossas famílias e amigos.

 

Que sejam todos presentes!

 

 

 

 

Paulo Victória

Cronista

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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