O Amor como critério de Gestão ‐ Estado
Em plena Semana Santa chega ao fim a sequência de artigos dedicados ao tema 'O Amor como Critério de Gestão'.
Depois de termos encarado este princípio na perspectiva das relações com os colaboradores, os accionistas, os fornecedores e parceiros de negócio, os clientes e até as empresas concorrentes, esta última perspectiva é dedicada à relação da gestão empresarial com o Estado.
Entendo que o critério é vivido e experimentado de forma muito diferente tratando‐se a empresa de uma instituição pública ou privada. Em todo o caso, para o gestor, acho muito interessante a reflexão da intenção última que está por trás da missão da empresa e da cumplicidade que possa existir entre essa missão e a missão atribuída ao próprio Estado.
Num país em que o Estado permite a livre iniciativa e em que o sector empresarial pode fundar‐se em pilares de dinamismo, empreendedorismo e concorrência, as empresas sentem, muitas vezes, que o Estado impõe mais fardos do que benefícios. A carga de impostos a pagar, as declarações fiscais a apresentar ou as burocracias a ultrapassar no momento de inovar, são exemplos de processos que muitas vezes quebram a empatia entre empresas e Estado.
Que valor acrescentado trará o Estado à missão da empresa?
Há muitos séculos atrás, as viúvas, os idosos e os órfãos eram pessoas que viviam da caridade alheia. As raízes judaico‐cristãs da sociedade europeia estão cheias de testemunhos de apelos à ajuda àqueles que se viram privados de bens essenciais à sua subsistência. Talvez por isso tenha ganho expressão o Estado Providência, que tem, na sua génese, o desejo que garantir a todas as pessoas, em momentos concretos da vida, o apoio na obtenção de mínimos de dignidade que, sozinhas, não conseguiriam encontrar. A ideia de que o contributo de todos pudesse gerar um fundo de apoio a essas pessoas é profundamente humano e generoso.
Também a constatação de que existem atividades essenciais à população que não são garantidas por empresas privadas (rotas de transporte economicamente inviáveis, por exemplo) ou porque devem estar acima de interesses privados (justiça, por exemplo) leva a que existam empresas e órgãos estatais que procuram responder a essas necessidades.
Quando uma empresa privada entra num mercado deve visar o seu desenvolvimento e o desenvolvimento da sociedade. O respeito pelas regras vigentes deve nortear as decisões estratégicas e a busca de mudanças favoráveis ao Bem Comum devem ser perseguidas firmemente e nos fóruns próprios. Amar as boas intenções do Estado é, em si, uma forma de querer participar nessa missão que a todos devem empenhar.
Desejar um Estado justo, eficiente e solidário deve ser um estímulo à gestão justa, eficiente e solidária.