MOMIP: Missão é partir, é sair, é ir, é dar-se.
De 1 a 8 de Agosto, decorreu no Peso da Régua, o 53º Encontro Nacional do MOMIP – Movimento Missionário de Professores.
Na passada semana, dei-vos a conhecer este movimento, bem como a conferência de D. António Couto, Bispo de Lamego.
Dias 5 e 6, foram dias de formação e espiritualidade.
No primeiro, a conferência de Maria Cristina Coimbra de Aveiro. Professora há cerca de 30 anos, com metade deles como Diretora de Agrupamento; catequista desde os 17 anos e mãe.
A sua partilha, “ Alegria de Ensinar”, partiu de três pontos-chave:
1 – Desenvolvimento da autonomia. Partindo dos Atos dos Apóstolos 3, 1-11, a prof. Cristina falou da autonomia. O coxo de mão estendida e São Pedro sem dinheiro para dar, é o ponto de partida para o desenvolvimento e não a substituição da pessoa, seja ela doente, aluno ou familiar. Pedro disse: “Levanta-te e anda.” O coxo ganhou força nos pés, depois nos tornozelos, nas pernas e pouco depois, já corria e saltava a caminho do templo. É esta “A alegria na autonomia”! É precisamente este, o nosso trabalho enquanto professores missionários: Ver quem nos pede auxílio e depois ajudar a caminhar, a “saltar”.
2 – Trabalho ao serviço do bem comum. No reencontro com os ex-alunos, a pergunta que lhe vem à mente é: “Até onde é que saltaste?” Isto é, que caminho percorreste até agora? Desenvolveste competências que te põem ao serviço do bem comum?” É o momento de ver a semente crescer. E ela “cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme.” – Papa Francisco in Evangelho da Alegria.
3 – É sempre possível recomeçar. A questão da “sementeira”. Como se coloca nos jovens a semente do crescimento? A professora, recomendou as “Características do Anúncio”, que o Papa Francisco enumerou no Evangelho da Alegria. Por isso a importância do: Ser-se próximo; Abertura ao diálogo; Ser-se paciente; e, Acolhimento sem condenação.
A mensagem fundamental, para os jovens de hoje, é que é possível recomeçar.
Um testemunho simples mas muito real, ao ponto de levar muitos dos participantes a testemunhar as suas vivências concretas, seja na escola, seja na família. Terminou com a música. “Já morremos mil vezes” do Pedro Abrunhosa, in Contramão.
Dia 6, foi a vez de ouvir o padre Tiago Barbosa, que acabara de chegar da América Latina no dia anterior. A sua conferência: “A Alegria da Missão”. O pe. Tiago esteve 11 anos no México, 7 dos quais, numa zona indígena, San António – Estado de San Luis; e outros 4 em Tampico, cidade fronteiriça com os EUA. Duas realidades muito diferentes. A primeira, com o povo Taneek a 800 Kms dos EUA, de uma simplicidade e pobreza típica das zonas rurais; a segunda, uma cidade dormitório com cerca de 35 mil habitantes, que trabalham para fábricas de americanos. Zona de narcotráfico e tráfico de pessoas para os Estados Unidos.
Começou por explicar que a sua missão, a sua vocação sacerdotal e religiosa se fundamentava na 1ª Carta de S. João: “O que vimos e ouvimos com os nossos olhos… isso vos anunciámos.” (1ª Jo 1, 1-4)
O seu testemunho baseou-se em 4 fios condutores. Inspiração nas esteiras mexicanas:
1 – Olhar. (Lc 9, 28-36 – Transfiguração). Porque ao comtemplarmos, vemos a ação de Deus no mundo.
2 – Ouvir. (Lc 10, 38-42 – Jesus em casa de Maria e Marta). A paciência é a capacidade de ouvir o outro e assim, deixar a minha lógica e entrar na lógica do outro.
3 – Tocar. (Jo 13, 1-17 – Lava pés). A lógica da hospitalidade. O serviço “obriga-me” a prostrar-me. Não ter medo de “sujar as mãos” de tocar o outro com gestos concretos.
4 – Caminhar. (Lc 24, 13-33 – Os discípulos de Emaús). Todos devemos ser “Cireneus”! Devemos ajudar os outros a levar a cruz, sem o substituir, porque cada um, leva a sua. Devemos “caminhar” ao ritmo do outro.
“Missão é partir, é sair, é ir, é dar-se”
O dia 7, foi o de inserção na comunidade. Os professores, em vários grupos, participaram nas diversas atividades de voluntariado propostos pela direção do MOMIP: ARDAD, Visita aos doentes e Patronato das Crianças. Foi um dia em cheio. Na partilha que fizeram ao final do dia, na igreja de Godim, deu para ver alegria e o ”sofrimento” vivenciado por todos nas diversas ações. Ousaremos dizer, que foi o dia mais intenso e missionário que todos viveram neste Encontro Nacional. Um dia que ficará para sempre nas suas memórias. Uma novidade extremamente positiva para todos. Sentiram-se em Missão. Levar Jesus Cristo, morto e ressuscitado, a todos os que sofrem.