Gostar e Amar... qual a diferença

Neste Ano Jubilar da Misericórdia, muitas já foram as definições que nos foram chegando na perspetiva de nos ajudar a compreender quer a sua essência, quer a sua importância. A definição mais comum passa pelo amor.

 

Diz-nos o Papa Francisco que "o nome de Deus é misericórdia", e dizem-nos também os hagiógrafos, inclusive João, que "Deus é Amor". Todos nós sabemos isto e temo-lo presente em vários momentos da nossa vida (talvez não em tantos quanto deveríamos mas não é sobre isso que hoje me proponho a escrever). Falamos tantas vezes de amor e deste Amor de Deus e que é Deus mas, afinal, o que é o amor? Esta é uma pergunta difícil de responder... Será que haverá uma definição que agrade a todo o mundo?

 

Porém, também tantas vezes esta palavra é banalizada é desvalorizada no decorrer da nossa vida. Ou porque temos vergonha de a utilizar ou até porque achamos que este é um sentimento muito forte do qual não somos capazes. Ou até porque automaticamente transportamos, na nossa mente, esta ideia de amor para uma componente específica entre tantas outras possíveis.
 
"Gostar é diferente de amar!", disse a Professora Ana Cristina Marques ao 12ºCT1, numa manhã de quinta feira do ano letivo 2014/2015. O silêncio ficou no ar, quer pelo espanto de alguns, quer pela incompreensão de outros.

 

Afinal, qual o limiar, onde é que podemos encontrar o último pedaço de terreno firme que marca a passagem para o enorme abismo que separa o gostar do amar?

 

O significado do verbo gostar remete-nos para o ato de tomar gosto por algo ou por alguma coisa. Achar algo agradável, aprazível e ter prazer com ela. Podemos identificar alguns sinónimos como apreciar, estimar ou até valorizar, que nos ajudam nesta tarefa de classificar algo como "gosto" ou "não gosto", "agrada-me" ou "não me agrada".

 

E por amor? O que podemos entender? O amor surge da relação de amizade existente entre duas pessoas em que cada uma quer o bem da outra, mais ainda do que para si mesma. Eu sou amigo do outro e amo o outro porque quero unicamente que ele seja feliz, ainda que comigo ou sem mim. Não vejo qualquer tipo de interesse no outro e a amizade não é um método nem um caminho para eu alcançar algo.

 

Contraponho-me a quem diz que o amor é um sentimento. Os sentimentos são mutáveis. Passam, mudam, não são eternos. Muito menos garantidos. O mesmo não acontece, ou não deve acontecer, com o amor. Este só faz sentido se for querido, se for desejado. O amor tem de partir de nós mesmos. Este é uma vontade. Eu tenho de ter vontade de amar o outro. Não posso limitar-me à passividade, tenho de ter vontade de comungar nele, dele e com ele. Só assim se poderá criar a unidade que nos caracteriza.

 

- "Mas, Professora, qual a diferença entre gostar e amar?"
 
- "Na ordem do gostar, gostamos das coisas. Eu gosto da minha roupa, do meu coelho, da natureza. Mas eu amo as pessoas! Eu amo a minha família, amo os meus amigos e amo os meus alunos. As pessoas são para se amar, não para se gostar!"

 

Tenhamos então a coragem de, ainda nesta Quaresma, dizer aos outros o quanto os amamos. Não tenhamos medo de manifestar os sentimentos. Alimentemos no nosso coração esta vontade de amar. Afinal, as pessoas existem para se amarem e serem amadas!

Rita Santos

Cronista EMRC/Voluntariado

 

Nasceu em 1996. É Antiga Aluna de EMRC da Escola Secundária de Peniche. Estudante universitária da Licenciatura de Ciências Religiosas. Escuteira e voluntária do Clube Missão Servir. Máxima: "Deixa por onde fores caminhando brilhante sinal da tua bondade".

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