«Estar perto dos que estão longe sem estar longe dos que estão perto»
«Estar perto dos que estão longe sem estar longe dos que estão perto» - Lema dos Jovens sem Fronteiras
Muitas vezes pensamos no nosso mundo como algo gigantesco, cheio de diversidade e igualmente cheio de oportunidades. Porém, muitas também são as vezes em que nos deparamos com a realidade deste mundo que não é nosso e percebemos que a desigualdade constitui um dos mais presentes fatores do nosso tempo.
Num mundo que tende cada vez mais a definir-se como consumista, nunca o ser humano conseguirá dar valor ao que possui sem fazer a experiência de nada ter. Nada, no sentido de aquilo que lhe é acessório. Nada, no sentido de bens supérfluos, muitos deles dispensáveis à condição da sua existência.
A distância entre os que muito têm para os que de nada precisam é grande. Muito grande. E chama-se felicidade. Não aquela temporária que nos enche momentaneamente e nos faz dizer que somos as pessoas mais felizes do mundo. Essa é fácil de ter quando temos tudo. Falo da outra. A felicidade do nada. Do nada que, porém, é tudo. A felicidade que vêm da simplicidade, da valorização das pessoas que nos rodeiam e da vivência da natureza que nos acolhe.
Porém, nenhuma é a distância que nos afasta. O Cristo que nos olha é o mesmo. O Cristo que nos chama é o mesmo. O Cristo que nos une é o mesmo. O Deus que vejo no olhar daquela criança é o meu Deus, Aquele em quem eu Acredito. O Deus que me vai tocar através das mãos daquela criança é o meu Deus, Aquele em quem eu Acredito. O Deus que vou amar através daquela criança é o meu Deus, Aquele em que eu Acredito. Perdão, o nosso Deus. O meu e o dela. O meu e o do povo que me vai acolher. O meu, o do meu grupo e o do povo que nos vai acolher.
África é a palavra que, há muito, ecoa no meu coração.
“Não vamos evangelizar, vamos partilhar Cristo com eles” – dizia-nos a Marta quando nos falava do Tudo que vamos encontrar na Guiné-Bissau. O Tudo que se sobrepõe ao Nada. O Tudo presente na natureza, o Tudo presente nas pessoas, o Tudo presente nos ritmos, o Tudo presente na beleza daquele país. O Tudo que nos vai permitir dar sentido ao nada para, mais tarde, podermos dar valor ao nosso tudo.
[©Fotografia: Marta Oliveira]