Atleta refugiada nadou mais de três horas para salvar vidas

Quando o motor do barco, onde iam 20 pessoas, algumas das quais crianças, parou, os quatro que sabiam nadar atiraram-se à agua e arrastaram-no até chegarem a terra 5700.
 

 

Quando os atletas desfilaram ontem na abertura dos Jogos Olímpicos, havia uma equipa que não tinha bandeira nacional, mas sim a do Comité Olímpico Internacional (COI), por ser constituída exclusivamente por refugiados. Para integrar esta equipa, a nadadora síria Yusra Mardini viu-se envolvida numa situação que, por si só, já merece uma medalha de ouro.


Graças à atleta e a outras pessoas, 16 pessoas sobreviveram à travessia entre a Turquia e a ilha grega de Lesbos. Quando o motor do barco em que seguiam parou a meio do percurso, Yusra, a irmã, Sara, e outras duas pessoas atiraram-se à água e nadaram durante mais de três horas, arrastando o barco até terra. Dos 20 (vários eram crianças) que vinham num barco para seis pessoas, só aqueles quatro sabiam nadar.

 

 
"Eu tinha uma mão na corda que estava presa ao barco e movia as duas pernas e um braço. Foram três horas e meia na água fria. O teu corpo fica quase... exausto. Não sei se consigo descrever isso", contou a nadadora ao The Independent. Diz que foi duro, mas que "por vezes temos mesmo de continuar".

 

 

 
Yursa tem 18 anos e treinou enquanto pôde, em condições muito difíceis, por vezes em piscinas cujos telhados tinham sido arrancados pelas bombas. Quando as condições de segurança em Damasco se tornaram ainda mais difíceis, devido à guerra, a atleta e a irmã resolveram tentar chegar à Europa, através do Líbano e da Turquia.

Depois de conseguirem chegar a terra a salvo, as irmãs Mardini continuaram o seu percurso, atravessando grande parte da Europa para chegar à Alemanha, onde ficaram a viver.

 

 
No domingo, 7 de Agosto, Yursa Mardini estreia-se nos Jogos Olímpicos do Rio numa prova de 100 metros mariposa e na próxima quarta-feira, 10 de Agosto, estará a disputar uma corrida em estilo livre.


Apesar do pesadelo por que passou, a atleta não se deixou desmotivar, pelo contrário o que aconteceu acabou por se tornar numa "memória positiva", porque se lembra que "sem nadar nunca poderia estar viva".

 


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