A vida humana é imprevisível. Num mundo cada vez mais "habitado" de certezas científicas que parecem justificar tudo e ter respostas para tudo, não consegue prever o que vai acontecer amanhã. Os resultados das últimas eleições em Portugal ou a tragédia de Paris, são exemplos disto.
No dia 5 de outubro passado, parecia aos portugueses, já terem um novo governo para os próximos anos. Governo houve, mas o governo constitucional mais curto da nossa curta democracia. E no momento que escrevo esta crónica, parece aproximar-se um primeiro ministro, que toda a gente esperava que se demitisse da liderança do seu partido após os resultados obtidos. Quem pensava isto no dia 5 de outubro? Muito poucos.
E Paris? As pessoas que jantavam, que se divertiam num concerto, um português que trabalhava junto ao Estádio de França, não esperavam todos regressar a casa nesse dia? Penso naqueles familiares que esperavam os seus no fim de mais um dia... No "Amo-te"; no "Perdoo-te"; no "Obrigado" que ficou por dizer…
Somos tão efémeros! Em tempos, uma "socialite" da nossa praça disse: «Estar vivo é o contrário de estar morto.» Para muitos não passou de uma banalidade. Não sei se o disse pensando bem no que disse. Mas disse uma grande verdade. A linha entre a vida e a morte é muito ténue, muito frágil. De um momento para o outro, passamos de um lado para o seu contrário: da vida para a morte. Eis a razão para viver a vida com o máximo de intensidade. Para os cristãos, não como se não houvesse amanhã. Mas preparando esse amanhã.
A solenidade de Cristo Rei, que celebramos este domingo é o sentido que devemos dar à nossa vida. Jesus é rei. Não um rei preocupado com este mundo. Como disse o Papa no Angelus deste domingo, Jesus é um rei deste mundo, mas não como os reis deste mundo. É rei de um modo diferente. «Os reinos deste mundo regem-se por vezes sobre prepotências, rivalidades, opressões; o reino de Cristo é um reino de justiça, de amor e de paz.» E é desta maneira que os cristãos devem viver com intensidade. Não tendo medo de dizer: "Obrigado; Perdoo-te; Amo-te".
Disse ainda Francisco: «A força do reino de Cristo é o amor: por isso a realeza de Jesus não nos oprime, mas liberta-nos das nossas fragilidades e misérias, encorajando-nos a percorrer o caminho do bem, da reconciliação e do perdão.»
Apesar da fragilidade, da imprevisibilidade da vida humana, eis o caminho que devemos percorrer: a adesão a Cristo. Esta ténue linha que nos separa a vida da morte, ganha um novo sentido, num novo amanhã que nos espera.