«A Igreja edifica a Eucaristia e a Eucaristia edifica a Igreja»

Este domingo celebramos a Festa do Corpo de Deus. Ocasião para, mais uma vez, termos presente a Páscoa do Senhor Jesus. É sobre este acontecimento que fundamentamos a nossa fé e a existência da Igreja. Como disse Henri de Lubac, "a Igreja edifica a Eucaristia e a Eucaristia edifica a Igreja".

 

E o Evangelho, segundo São Marcos, é rico na descrição da preparação e celebração da Última Ceia.

 

Além de Jesus mostrar o seu poder profético: "Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água" - normalmente os homens transportavam odres-, a sala já estava toda preparada. Esta é grande e está alcatifada! Revela que algo de grande e belo irá acontecer.

 

Já durante a refeição, Jesus pega o pão, recita a bênção, parte-o e distribui pelos discípulos: "Tomai, este é o meu corpo". O corpo, na cultura hebraica, indica a pessoa toda. Jesus doa-se todo aos seus! Já nada tem a haver com a Páscoa Judaica! Não se trata de animais sacrificados, mas da sua pessoa, do Filho de Deus! Depois faz o mesmo com o cálice. O sangue da nova aliança! É um gesto memorial! Aconteceu naquela noite e acontece sempre na Eucaristia, até à plenitude do encontro com Deus.
 
O dom de Jesus é "exageradamente generoso"! Dá tudo porque se dá a si mesmo! Verdadeiramente, estamos presente a um "totalitarismo do amor"! Já a "grandeza" da sala adornada com tapetes, representava este amor grande e belo...
 
A Igreja tem o dever de ser esta "sala": grande, porque deve acolher todos; a Eucaristia, deve ser oferecida a todos; os "tapetes", porque a Igreja deve convidar todos à celebração da festa com o seu Senhor, Jesus. A sala "já está pronta", quer dizer que, a Igreja, antes de ser uma construção nossa, é dom. Dom, como a própria Eucaristia, o "pão do céu", aludindo à Páscoa Judaica e ao seu Maná.

 

Por este motivo é que assistimos, neste domingo, a grandes Procissões do Corpo de Deus pelas cidades e aldeias de Portugal, da Europa e por todo o "mundo cristão". A Eucaristia é dom que deve ser partilhado com todos! Deve ser "proposta" a todos, sem distinção, que queiram conhecer Jesus!

 

E este é um tema, cada vez mais, atual. Vivemos numa Europa cada vez mais "mestiça". "Civilização mestiça", nas palavras do Cardeal Scola de Milão. Graças à natalidade, cada vez mais baixa, da população autóctone europeia, assistimos a uma grande "entrada" de pessoas de outras culturas e religiões; perante um "abandono" e "indiferença" religiosas da população europeia, torna-se "obrigatório" a "proposta eucarística" dos católicos.

 

Para que um dia, possamos dizer como o apóstolo Paulo aos Gálatas: «Não há judeu nem grego, mas todos nós, somos um só em Cristo Jesus». (Cf. Gl 3, 28) Ou então, como disse o Papa Francisco, ao sair de Sarajevo: «A paz constrói-se juntos, muçulmanos, judeus, ortodoxos e católicos. Todos somos irmãos, todos adoramos um único Deus».

 

Uma boa semana.

 

[©Imagem:  Ismael Teixeira]

Paulo Victória

Cronista

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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