Morrer de fome: Falta de água está a provocar uma crise terrível na Etiópia
Milhões de pessoas estão em risco na Etiópia. A falta de água está a matar este país. Apesar de todos os avisos, de todos os alertas, a comunidade internacional parece desinteressar-se pelo drama de tantos homens, mulheres e crianças. A Fundação AIS lançou uma campanha, nesta Quaresma, em favor de África. Para a Etiópia, para a Igreja na Etiópia, essa ajuda pode significar a diferença entre a vida e a morte…
Na Etiópia, os poços estão secos, os riachos transformaram-se em riscos sinuosos de terra encarquilhada e as torneiras há muito que são desnecessárias. Há muitos anos que não se via algo assim. Só os mais velhos é que se lembram da temível seca que varreu o país em 1984, provocando a morte a mais de um milhão de pessoas. Três décadas depois, os etíopes voltam a viver o mesmo drama. A fome é uma ameaça concreta para 10 milhões de pessoas. Mais de 400 mil crianças e jovens estão já gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico urgente. Cada dia que passa, a ameaça é maior. O padre Christopher Hartley vive desde 2008 em Gode, numa vasta região entre a Etiópia e a Somália. Em Março, este missionário espanhol promoveu uma jornada de oração em favor das populações flageladas pela seca, ameaçadas pela fome. Na ocasião, este sacerdote lembrou, a nós, que “temos água, remédios, alimentos”, que ali, na Etiópia, “milhares de pessoas morrem porque não têm sequer um copo de água”. É difícil imaginar um país assim tolhido pela seca, com uma paisagem tão dura, com animais mortos ao longo das estradas, campos ressequidos e pessoas que não resistem à fome nem às doenças.
Luta contra o tempo
Há cada vez mais notícias de crianças que tiveram até de deixar a escola pois estão tão fracas que não conseguem fazer-se ao caminho para lá chegar. Hagosa Gebru tem nove filhos. A comida, lá em casa, está a ser racionada e um dos seus filhos deixou também de ir à escola. “Ele já não aguenta fazer um caminho tão longo”, desabafa esta mãe que se diz impotente perante uma tragédia desta dimensão. Que pode ela fazer? Tsega Aregawi tem oito filhos. Um deles é ainda bebé. “Nunca vi uma seca como esta em dias da minha vida. Até agora, conseguimos sobreviver comendo cactos selvagens. Mas agora também esta comida secou. Tenho medo do que possa acontecer se o governo e as agências de socorro não nos ajudarem.” Ajudar é a palavra de ordem. A Igreja concebeu já um plano de emergência. Mas a própria vida da igreja tem vindo a ser afectada pela seca. Não foram apenas as escolas que passaram a ficar longe de mais das crianças. Também muitos fiéis deixaram de assistir à missa aos domingos, pois tornou-se impossível fazerem caminhadas de três ou quatro horas até à igreja mais próxima. Estão todos cada vez mais fracos, mais doentes. Esta é uma luta contra o tempo. Na Etiópia, a seca extrema está a conduzir o país para a mais absoluta pobreza. Hagosa Gebru e Tsega Aregawi são duas mães desesperadas, de mãos vazias, que não sabem mais como calar o choro dos seus filhos. “Tinha fome, e deste-me de comer. Tinha sede e deste-me de beber…” Nesta Quaresma, a Fundação AIS lançou uma campanha de emergência para África. Vamos ajudar?