Os olhos de Maria

Mariologia 8 dezembro 2017  •  Tempo de Leitura: 1

«O olho torna-se puro quando é envolvido pela luz do Sol e recebe força do seu vigor e clareza do seu esplendor. Em Maria habitou a luz divina como num olho, purificou-lhe o espírito, refinou-lhe o pensamento, santificou-lhe a mente e transfigurou-lhe a virgindade. O fascínio de um olho, os reflexos misteriosos da sua pupila, o pestanejar secreto do seu olhar, a intensidade das suas cores, tudo é devido à luz que nos envolve.»

 

É deste órgão tão delicado e precioso que parte Santo Efrém, um dos maiores poetas síriacos (um historiador antigo informa-nos que teria composto nada menos que três milhões de versos!), que viveu no séc. IV, para entretecer um dos seus hinos marianos.

 

Ao olho imenso e irradiado de luz ele compara Maria, a imaculada Mãe do Senhor, atravessada, impregnada, transfigurada pela luz divina, precisamente porque nela está presente o Filho de Deus.

 

Na “Vida nova”, de Dante, o parágrafo de um soneto abre-se assim: «Nos olhos traz o Amor a minha dama». Certamente que o poeta pensava no amor humano, mas aquela maiúscula permite-nos imaginar livremente os olhos de Maria como brilhantes do Amor divino. Eles são uma epifania da luz e do amor, as duas célebres definições joaninas de Deus.

 

Na solenidade mariana que se celebra a 8 de dezembro, a Imaculada Conceição, o grande cantor da Síria convida-nos a descobrir a beleza dos olhos de toda a criatura, mas sobretudo daquela criatura única que foi a Mãe de Cristo.

 

[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In "Avvenire"]

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