Papa: «A dignidade das crianças e dos adolescentes na era da IA»

Pastoral da Comunicação 14 novembro 2025  •  Tempo de Leitura: 4

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.
A paz esteja convosco!

 

Bom dia a todos e bem-vindos!

 

Saúdo todos vós que participais neste encontro sobre a dignidade das crianças e dos adolescentes na era da inteligência artificial. Estou grato pela vossa presença e pelas vossas valiosas contribuições.

 

A inteligência artificial está a transformar muitos aspetos da nossa vida diária, incluindo a educação, o entretenimento e a segurança dos menores. A sua utilização levanta importantes questões éticas, especialmente no que diz respeito à proteção da dignidade e do bem-estar dos menores.

 

As crianças e os adolescentes são particularmente vulneráveis à manipulação através de algoritmos de IA que podem influenciar as suas decisões e preferências. É essencial que pais e educadores estejam cientes destas dinâmicas e que sejam desenvolvidas ferramentas para monitorar e orientar as interações dos jovens com a tecnologia.

 

Os governos e as organizações internacionais têm a responsabilidade de conceber e implementar políticas que protejam a dignidade dos menores nesta era da IA. Isto inclui a atualização das leis de proteção de dados existentes a fim de enfrentar novos desafios colocados por tecnologias emergentes e a promoção de padrões éticos para o desenvolvimento e para a utilização da IA.

 

No entanto, salvaguardar a dignidade dos menores não pode ser reduzido apenas a políticas; requer também uma educação digital. Como certa vez observou o meu predecessor a respeito de um projeto de salvaguarda promovido por três grandes associações católicas na Itália, os adultos devem redescobrir a sua vocação como «artífices da educação» e esforçar-se por ser fiéis a ela [1]

 

É realmente importante elaborar e impor diretrizes éticas, mas isso não é suficiente. O que é necessário são contínuos esforços educativos diários, realizados por adultos que sejam eles próprios formados e apoiados por redes de colaboração. Este processo envolve a compreensão dos riscos que tanto a utilização da IA como o acesso digital prematuro, ilimitado e sem supervisão podem representar para as relações e o desenvolvimento dos jovens. Somente participando na descoberta desses riscos e dos efeitos sobre a sua vida pessoal e social é que os menores podem ser apoiados na abordagem do mundo digital como um meio de fortalecer a sua capacidade de fazer escolhas responsáveis para si mesmos e para os outros.

 

Isto é, em si, um exercício vital para salvaguardar a originalidade e a interligação humanas, que devem ser sempre guiadas pelo respeito pela dignidade humana como um valor fundamental. Somente através de uma abordagem educativa, ética e responsável podemos garantir que a inteligência artificial sirva como uma aliada, e não uma ameaça, no crescimento e desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.

 

Caros amigos, desejo-vos uma conferência frutífera, que ajude a estabelecer uma base sólida para o nosso serviço contínuo às crianças, aos jovens e a toda a comunidade eclesial e civil. Sobre vós, sobre o vosso trabalho, invoco a bênção do Senhor.

Obrigado!

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[1] Cf. Mensagem do Papa Francisco aos participantes no Congresso "Promover Child Safeguarding No Tempo Da Covid-19 e Após”, 4 de novembro de 2021.

 

Vatican News é um serviço informativo realizado pelas mídias da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé.

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