Ir a pé até Santiago: 81 mil peregrinos no caminho português

Pastoral da Comunicação 17 fevereiro 2019  •  Tempo de Leitura: 8

É essencialmente um caminho que se faz numa peregrinação de fé – o que não exclui que também possa ser desfrutado como experiência turística. É nesta vertente que o Caminho de Português de Santiago acaba de ser certificado, passando a integrar a rota oficial para chegar ao santuário na Galiza

 

O Caminho Português de Santiago já é atualmente o segundo mais percorrido para rumar a Santiago de Compostela – onde em 2018 chegaram ao todo 327 mil peregrinos, dos quais 81 mil iniciaram o seu trajeto em Portugal.

 

Lembrando que “o Porto é já a segunda principal cidade para início da peregrinação, a seguir a Sarria (em Espanha)”, a Secretaria de Estado do Turismo também destaca que o número de peregrinos que percorrem o Caminho Português “tem vindo a aumentar de forma significativa, sendo o caminho que mais cresce em termos de procura”.

 

O diploma que veio criar “as condições para o reconhecimento internacional e integração do Caminho Português no conjunto de caminhos oficiais de Santiago” foi aprovado a 7 de fevereiro em Conselho de Ministros e a certificação vai ser assegurada pela Comissão Executiva do Caminho de Santiago, um órgão que integra representantes da Direção Geral do Património Cultural e do Turismo de Portugal.

 

Segundo a Secretaria de Estado do Turismo, “com a aprovação deste diploma, criam-se as condições para a promoção internacional destes itinerários, que atravessam todo o país de sul a norte”. Os caminhos de Santiago agora certificados passam assim a integrar a plataforma Caminhos da Fé (www.pathsoffaith.com/pt-pt), lançada pelo Governo em 2018, que também inclui os caminhos de Fátima, a rota da herança judaica e os altares marianos – e tirando partido do facto de grande parte do caminho de Santiago ser coincidente com o caminho de Fátima, o que justifica que a sinalética e as ações de promoção sejam conjuntas.

 

DE OLHO NA CELEBRAÇÃO DO JACOBEU EM COMPOSTELA EM 2021

Para a secretária de Estado do Turismo Ana Mendes Godinho, com a celebração do Jacobeu em 2021, o Ano Santo de Santiago de Compostela, “a aprovação deste diploma reveste-se da maior importância, na medida em que permitirá que mais pessoas possam escolher Portugal como local de início de peregrinação”.

 

“A certificação do Caminho Português de Santiago vai permitir reforçar ainda mais a promoção internacional destes caminhos e a abertura do mapa turístico de Portugal a todo o território”, salienta Ana Mendes Godinho, enfatizando que “a promoção de Portugal como um país de caminhos, de tolerância e de abertura tem sido um dos nossos instrumentos de comunicação” e que “o peregrino de Santiago faz o percurso ao longo de todo o ano e gera riqueza nos territórios por onde passa”.

 

O facto dos diversos itinerários associados ao Caminho Português de Santiago fazerem parte “do património cultural europeu”, além de representarem “um valor universal, o de um encontro de culturas”, é enfatizado pela secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira. “Este diploma é um importante instrumento para uma melhor estruturação dos caminhos existentes e da marcação de novos itinerários, potenciando-se o desenvolvimento e a coesão territorial, incluindo a nível transfronteiriço, e proporcionando aos peregrinos a melhor e mais segura experiência possível”, considera a responsável da Cultura.

 

Para o Turismo do Centro, foi uma boa notícia a aprovação do decreto-lei que veio regular a promoção do Caminho Português de Santiago e a certificação dos seus itinerários. A Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal alega estar a trabalhar “há mais de uma década” neste processo, envolvendo esforços conjuntos “com vários parceiros do território”, e que mais concretamente desde 2007 começou a delinear “a estratégia de estruturação desta via de peregrinação enquanto produto turístico de grande potencial”.

 

O caminho de Santiago está sinalizado em toda a região Centro. Na foto, o percurso em Albergaria

 

CENTRO QUER SER REGIÃO-PILOTO NA CERTIFICAÇÃO DOS CAMINHOS DE SANTIAGO


“Em 2014 ficou concluída toda a sinalética do Caminho Central, que, iniciando-se em Lisboa, passa neste território por Vila Nova da Barquinha, Tomar, Ferreira do Zêzere, Alvaiázere, Rabaçal, Conímbriga, Coimbra, Mealhada, Águeda e Albergaria-a-Velha, em direção ao Porto e a Santiago de Compostela”, destaca o Turismo do Centro, sublinhando que “neste itinerário está já em pleno funcionamento uma importante rede de albergues e pontos de apoio ao peregrino”.

 

Também o Caminho Nascente “está completamente identificado e sinalizado no Centro de Portugal”, garante esta entidade. O itinerário parte do Alentejo e atravessa o território da região centro em Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Fundão, Ferro (na Covilhã), Belmonte, Guarda, Celorico da Beira e Trancoso, onde se junta com o Caminho de Torres (que, começando em Espanha, cruza Almeida, Pinhel e Trancoso, em direção a Lamego, Guimarães, Braga e Santiago).

 

No que toca ao Caminho Nascente, o Turismo do Centro enfatiza ser “de grande importância estratégica, uma vez que constitui um percurso alternativo à Via da Prata, tradicionalmente utilizado pelos peregrinos do Sul de Espanha e que passa por Sevilha, Cáceres e Salamanca”. A entidade de turismo lembra que “a Via da Prata está hoje saturada, pelo que cada vez mais peregrinos da Estremadura e de Castela e Leão preferem utilizar o Caminho Nascente”.

 

De acordo com o Turismo do Centro, também já está identificado o Caminho do Interior que parte de Viseu e segue por Castro Daire, Lamego, Vila Real e Chaves, até desembocar na Via da Prata. A ligação entre o Caminho do Interior e o Caminho Central foi alvo de um protocolo em 2015 entre a entidade de turismo e os municípios, e originou uma candidatura ao programa Valorizar, promovida pela Associação Via Lusitana.

 

Garantindo estar já a desenvolver “ferramentas de apoio ao peregrino, nomeadamente uma app, guias e mapas, que permitem a plena fruição do caminho”, o Centro quer neste campo “assumir um papel de região-piloto a nível nacional”, considerando que a certificação dos caminhos de Santiago representa “uma excelente oportunidade para a região e para o país”.

 

[©Fonte]

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