Fé: Dez respostas a perguntas de crianças (e também de adultos)

Razões para Acreditar 1 fevereiro 2021  •  Tempo de Leitura: 12

Porque é que Adão e Eva provaram o fruto?

No livro do Génesis, o primeiro da Bíblia, Deus coloca Adão e Eva num jardim maravilhoso, o Éden. Ele permite-lhes comer de todos os frutos, menos de um. Mas uma serpente fá-los acreditar que se provarem esse fruto, tornar-se-ão poderosos e nunca mais precisarão de Deus. Eva prova e dá a provar a Adão.

Esta narrativa significa que cada um de nós tem uma inclinação que o impele a dizer: «Não preciso de Deus, posso decidir sozinho o que é o bem e o mal». E como Adão que acusa Eva, e Eva que acusa a serpente, também nós gostaríamos de lançar a responsabilidade pelo mal para os outros. A cada instante nós somos livres de dizer sim ou não ao mal. A boa notícia é que Jesus nos dá a sua força para resistir e escolher o bem.

 

Porque é que Deus nos criou? Sentia-se sozinho?

Na Bíblia, duas narrativas falam da Criação. Encontramo-las no livro do Génesis. Estas duas histórias não querem ser uma narração histórica, ou seja, descrevendo exatamente acontecimentos que se passaram. Aliás, elas são muito diferentes. Elas dizem-nos, no entanto, coisas essenciais.

Na primeira, escrita seiscentos anos antes de Jesus Cristo, Deus é como um artesão: fabrica e vê que é bom. Na segunda, muito mais antiga, Deus modela um homem, como um oleiro, e coloca nele o seu sopro de vida. O homem torna-se vivo, fala e pede uma companheira. Deus cria, então, a mulher. E fica entre eles.

Deus não os criou para os abandonar, Ele acompanha-os como um pai. É verdade que nenhuma destas narrativas diz porque é que Deus criou. Todavia, homem e mulher percebem que Ele não os fez por interesse, mas gratuitamente. E dá vida porque que a considera boa e porque ama os vivos.

 

Será que vou para o Paraíso?

Muitas vezes, pensamos assim: no Paraíso estão os bons, no inferno os maus. Sim, mas eu, que por vezes sou bom e outras vezes mau, serei suficientemente bom para merecer o Paraíso? Jesus recorda-nos que o Céu não se "merece", recebe-se e é oferecido gratuitamente.

Para falar do Paraíso, Ele utiliza imagens como o "Reino", a "casa do Pai". Ele diz-nos, no Evangelho de João, que nos espera na casa do seu Pai e que nos prepara um lugar. O que nos pede é que nos amemos uns aos outros, como Ele nos amou. Viver verdadeiramente este amor é conhecer na Terra a que é semelhante o Paraíso. Jesus lembra-nos também que não veio à Terra para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo.

Podemos apoiar-nos nas suas palavras para viver na confiança, Ele que prometeu ao bandido que foi crucificado com Ele: «Hoje estarás comigo no Paraíso».

 

O que é um anjo?

Bebés bochechudos com asas, personagens majestosos e com auréola, os anjos estão em todo o lado, em posters, t-shirts... Quem são estes seres misteriosos?

Muitas religiões acreditam na sua existência, mas não falam nem de asas ou de auréolas. São os artistas que os representam assim. Na Bíblia, são intermediários entre Deus e os seres humanos. Velam sobre eles, apresentam a Deus as suas orações. Alguns têm nome: Gabriel, que significa "força de Deus", ou Rafael, "Deus cura". Os Evangelhos falam do anjo Gabriel, que anuncia a Maria que será a mãe de Jesus.

Os anjos acompanham Jesus quando Ele é conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo, e são também anjos que, na manhã de Páscoa, anunciam às mulheres que Jesus ressuscitou. Jesus diz que são reais, que agem para servir Deus. Mas nunca devem tornar-se mais importantes aos nossos olhos que o próprio Jesus, porque quem nos conduz verdadeiramente a Deus é Ele.

 

Para que serve o Espírito Santo?

No Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, quando os apóstolos estavam desamparados, porque Jesus já não estava entre eles, recebem o Espírito Santo. O seu coração arde, são impelidos a sair para anunciar que Jesus ressuscitou, e cada pessoa ouve-os na sua língua.

O Espírito é a presença viva de Jesus entre nós, depois de ter voltado para junto do seu Pai. Hoje, Ele continua a agir no mundo. Ele dá força e coragem, faz compreender ao nosso coração que somos os filhos de Deus, e põe dentro de nós o desejo de amar e perdoar.

Quando rezas, podes pedir-lhe: «Vem, Espírito Santo!». Porque Ele está sempre presente e trabalha no coração das pessoas. Como sabemos que Ele age? Vendo o que Ele produz: «Amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, doçura, domínio de si».

 

Porque não sinto nada quando como o Pão?

Se a hóstia é o Corpo de Jesus, então devíamos ser todos sacudidos pela Comunhão! Os apóstolos, no momento em que partilharam a sua última refeição com Jesus antes de ser morto e voltar a viver para sempre, pensaram de certeza como muitos de nós... que comiam um pedaço de pão. E as palavras que Jesus lhes disse, «este é o meu Corpo», devem ter sido misteriosas para os seus ouvidos.

Não sentimos uma coisa especial, mas acreditamos que neste Pão, Jesus dá-se todo a nós como um alimento que nos torna capazes de amar como Ele. Talvez um dia tu experimentes, no momento da Comunhão, uma grande paz, ou uma alegria profunda. Esta paz e esta alegria são dadas sem que façamos esforços para as sentir. Até lá, quando comungas, fica em silêncio para escutar o Senhor e para lhe dizer "obrigado".

 

Porque se diz que Jesus subiu ao céu?

Os Evangelhos de Marcos, Lucas e o livro dos Atos dos Apóstolos contam que depois da ressurreição, Jesus apareceu a diferentes pessoas. Depois, quanto estava no monte com os seus apóstolos, anuncia-lhes que vão receber o Espírito Santo. A seguir, lê-se que Ele «foi elevado, e uma nuvem escondeu-o aos seus olhos». Jesus voou verdadeiramente para o céu?

Na Bíblia, o céu é uma maneira de falar de Deus, que está para além de tudo o que conseguimos imaginar. Dizer que Jesus subiu ao céu é dizer que Ele acabou de se manifestar na Terra. Ele junta-se ao seu Pai para sempre, para encher o mundo com a sua presença de uma maneira completamente nova. A partir de então, é o seu Espírito que estará presente entre os seus apóstolos. É pelo seu Espírito que Ele está sempre vivo entre nós.

 

Como se fazem as hóstias?

As hóstias são simplesmente pão. Mas não têm verdadeiramente o gosto do pão a que estás habituado. Como as baguetes do padeiro, são feitas com farinha e água. Mas o padeiro junta um ingrediente: o fermento, que faz crescer a massa e oferece um miolo mole. As hóstias são feitas sem fermento, e é por isso que são planas.

Na Bíblia, os hebreus utilizaram esta receita quando Deus os libertou do Egito. Nessa noite, levaram consigo o mínimo, e fizeram pão sem fermento, totalmente plano. Todos os anos, os judeus lembram-se desse dia e comem uma refeição com pão sem fermento. É a Páscoa.

Na missa, o padre volta a dizer as palavras que Jesus disse na sua última refeição com os seus apóstolos. E o pão que Ele abençoou, ao dizer «este é o meu Corpo», era pão sem fermento.

 

Eu acredito em Deus, mas os meus pais...

Não és o único. Outras crianças têm no coração o desejo de conhecer Deus. Quando numa família se é o único a acreditar, o importante é poder viver a sua fé com outros cristãos. Podes pedir a colegas da escola (com a permissão dos teus pais, claro) para os acompanhar uma vez à catequese. Lá encontrarás pessoas mais crescidas com quem falar da tua fé. Depois, se te inscrever na catequese, os teus pais serão convidados a participar em celebrações na igreja.

Quem sabe se um dia não quererás ser batizado? O padrinho ou madrinha que escolheres poderão responder às tuas perguntas. Partilha o que vives na missa com os teus pais, com o teu grupo de catequese. Por vezes acontece que os pais descobrem a fé graças aos seus filhos! Em todo o caso, certamente ficarão orgulhosos por te ver fazer escolhas e assumires compromissos.

 

Porque é que Deus é invisível?

Se pudéssemos ver Deus, como o imaginarias? Como um homem velho com uma longa barba? Estaria Ele no cimo de uma montanha ou sentado nas nuvens? É difícil representá-lo. Sabes porque é que ninguém viu Deus? Criador do mundo, ele ultrapassa a nossa condição humana. Contrariamente a nós, não está limitado pelo espaço nem pelo tempo. É uma «presença de imensidão».

Dado que Deus está em todo o lado, não está "em nenhum lado" fixo. E Jesus? Ele aceitou tornar-se visível, dirás tu. Tens razão. Ele é a imagem do Deus invisível, o rosto humano que Deus permitiu tomar para que, através do seu Filho, possamos compreender a sua presença e o seu amor por nós. Por isso, olhemos para Jesus, porque Ele nos mostra Deus.

 

[Sebastien Antoni | In Le Pèlerin]

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