O amor de si

Razões para Acreditar 1 setembro 2018  •  Tempo de Leitura: 2

«Sem amor de si também não é possível o amor pelos outros. O ódio por si mesmo é exatamente idêntico ao egoísmo mais explícito, e no fim de contas conduz ao mesmo cruel isolamento, ao mesmo desespero.»

 

«Ama o teu próximo como a ti mesmo», adverte o livro bíblico do Levítico, numa frase retomada inclusive por Jesus. E, efetivamente, se alguém não está em paz consigo próprio, dificilmente consegue ser compreensivo e generoso com os outros.

 

É o que anota o escritor Hermann Hesse (1877-1972) no seu romance “O lobo das estepes”, uma obra – como outras deste autor – sempre presente nas livrarias, talvez com algum excesso de popularidade e fama.

 

É um facto que a sua observação é pertinente; só que alcançar o justo equilíbrio entre um amor de si que não degenere em egoísmo e uma distância que não seja ódio masoquista é uma empresa delicada.

 

Certo é que a pessoa incapaz de se amar e aparentemente inclinada para o desprezo de si, na realidade esconde muitas vezes uma forma de autodefesa e de egoísmo.

 

Talvez esteja, mais ou menos inconscientemente, convencida de não ser estimada, de ser incompreendida, de ser rechaçada, e assim, lentamente, precipita-se nesse isolamento que é praticado igualmente por quem está convencido que é superior a todos ou de quem está preocupado apenas em tratar de si próprio e do seu relativo sucesso.

 

É então necessária uma calibragem da relação connosco próprios, sem cair nos dois extremos do ódio de si e da egolatria. Mas para o fazer, o primeiro passo é conhecer-se com objetividade através de uma paciente reflexão, no controlo de si e com o conselho oferecido por quem é verdadeiramente amigo ou guia espiritual.

 

[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | in Avvenire]

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