Junho de 2013. O calor apertava e eu estava grávida de oito meses, mas o Tiago “navegava” por outras águas e teimava em não se dar a conhecer. A espera transformava-se em impaciência, os pontapés eram cada vez mais ritmados e as chamadas “para saber novidades” não paravam de chegar…

Mas o Tiago esperava o dia do seu patrono e, em dia do apóstolo São Tiago, 25 de julho, pelas 17h15, veio conhecer os pais.

Vi nascer um pequeno ser de olho franzido e pestanas grandes. O Tiago era agora a concretização do sonho de uma vida, da expectativa de nove meses… aquele pequenino junto a mim, quentinho e sereno, era a expressão maior do Amor. Olhei para ele vezes sem conta, contava os dedos, tirava parecenças e contava cada milímetro de pele para tentar perceber se estava bem.

No fundo sentia que já o conhecia… sentia que sempre o conheci… Era lindo (sim, sou suspeita) e era tão nosso!

Sim, porque para eu ser mãe, o meu marido passou a ser pai e, só juntos, faz sentido ver nascer, crescer e ser feliz com o nosso Tiago. O pai é o nosso equilíbrio, o porto seguro onde “descansamos” e a alegria a cada minuto.

A partir daquele momento a nossa vida mudou. Eu deixei de ser a Sónia, para ser a “mãe do Tiago”. Muitas vezes me diziam isso e eu não percebia mas, hoje sei bem o que significa.

Dar a vida é isso mesmo… Deixar de ser eu, para ser eu + ele! Quando o Tiago foi os primeiros dias para a creche, com apenas cinco meses, a casa ficou vazia, fazia falta os sons dele, a atenção que exigia e o tempo que passava com ele. Tive a primeira experiência de “coração apertado”, de um sentimento de proteção que não sabia controlar.

Hoje o Tiago tem nove meses. É um menino saudável, sereno e comilão. Já se senta, ri, palra, refila, bate palmas e faz muito mais gracinhas.

Eu? Sou uma mulher “marcada” pela felicidade da maternidade, que vejo pela manhã o maior sorriso e a serenidade plena de um bebé, que me tocam e faz com que a madrugada pareça leve. Continuo a ser a Sónia, agora mãe do Tiago, que se encanta a cada hora e minuto com este ser em que vejo e revejo tantas vezes eu e o pai…

Sou uma mãe que iniciou a primeira viagem, que aprende a cada dia e aceita o desafio constante a cada degrau que o Tiago alcança.

De uma coisa tenho a certeza: dou o meu melhor querendo que ele seja feliz e aprenda a linguagem do Amor. Agora ele gosta de mim porque precisa de mim, desejo simplesmente que ele precise de mim por gostar de mim!

[© Testemunho Sónia Neves. Aveiro | 2014]