Porquê ir à missa ao domingo? O Papa responde

Vaticano 14 dezembro 2017  •  Tempo de Leitura: 6

A celebração dominical da Eucaristia está no centro da vida da Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 2177). Nós, cristãos, vamos à missa ao domingo para encontrar o Senhor ressuscitado, ou melhor, para nos deixar encontrar por Ele, ouvir a sua palavra, alimentarmo-nos à sua mesa, e assim tornarmo-nos Igreja, ou seja, o seu Corpo místico vivo hoje no mundo.

 

Compreenderam-no, desde a primeira hora, os discípulos de Jesus, que celebraram o encontro eucarístico com o Senhor no dia da semana que os judeus chamavam «o primeiro da semana» e os romanos «dia do Sol», porque nesse Dia ressuscitou dos mortos e apareceu aos discípulos, falando com eles, comendo com eles, dando-lhes o Espírito Santo (…). Também a grande efusão do Espírito no Pentecostes ocorreu no domingo, o quinquagésimo após a ressurreição de Jesus. Por estas razões, o domingo é um dia santo para nós, santificado pela celebração eucarística, presença viva do Senhor entre nós e para nós. É a missa, portanto, que faz o domingo cristão! Que domingo é, para um cristão, aquele em que falta o encontro com o Senhor?

 

Há comunidades cristãs que, infelizmente, não podem desfrutar da missa todos os domingos; mesmo essas, no entanto, nesse dia santo, são chamadas a recolher-se em oração em nome do Senhor, escutando a Palavra de Deus e mantendo vivo o desejo da Eucaristia.

 

Algumas sociedades secularizadas perderam o sentido cristão do domingo iluminado pela Eucaristia. (Uma verdadeiro pecado!) Nesses contextos, é necessário reavivar essa consciência, para recuperar o significado da festa - não perder o sentido da celebração -, de alegria, da comunidade paroquial, da solidariedade, do repouso que restaura a alma e o corpo. De todos esses valores é-nos mestra a Eucaristia, domingo após domingo. É por isso que o Concílio Vaticano II quis reiterar que «o domingo é o dia da festa primordial que deve ser proposto e inculcado na piedade dos fiéis, para que também se torne dia de alegria e abstenção do trabalho».
 

A abstenção dominical do trabalho não existia nos primeiros séculos: é uma contribuição específica do cristianismo. Por tradição bíblica os judeus repousam ao sábado, enquanto na sociedade romana não estava previsto um dia semanal de abstenção do trabalho servil. Foi o sentido cristão de viver como filhos, e não como escravos, animado pela Eucaristia, a fazer do domingo - quase universalmente - o dia do repouso.

 

Sem Cristo estamos condenados a ser dominados pela fadiga do quotidiano, com as suas preocupações, e pelo medo do amanhã. O encontro dominical com o Senhor dá-nos força para viver hoje com confiança e coragem e para avançar com esperança. É por isso que nós, cristãos, vamos encontrar, ao domingo, o Senhor na celebração eucarística.

 

A comunhão eucarística com Jesus, ressuscitado e vivo na eternidade, antecipa o domingo sem ocaso, quando não haverá mais fadiga, nem dor, nem luto, nem lágrimas, mas só a alegria de viver plenamente e para sempre com o Senhor. Também deste abençoado repouso nos fala a missa de domingo, ensinando-nos, no fluir da semana, a confiarmo-nos às mãos do Pai que está no céu.
 

O que podemos responder aos que dizem que não há necessidade de ir à missa, nem mesmo aos domingos, porque o importante é viver bem e amar o próximo? É verdade que a qualidade da vida cristã é medida pela capacidade de amar, como disse Jesus: «Disto todos saberão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros» (João 13, 35); mas como podemos praticar o Evangelho sem tirar a energia necessária para o fazer, domingo após o outro, na fonte inesgotável da Eucaristia?

 

Não vamos à missa para dar algo a Deus, mas para receber dele o que realmente precisamos. Recorda-o a oração da Igreja, que assim se dirige para Deus: «Tu não precisas do nosso louvor, mas por um dom do teu amor chamas-nos a dar-te graças; os nossos hinos de bênção não acrescem a tua grandeza, mas obtêm-nos a graça que nos salva» (Missal Romano, Prefácio comum IV).

 

Em conclusão, porquê ir à missa aos domingos? Não basta responder que é um preceito da Igreja; isso ajuda a preservar o seu valor, mas por si só não chega. Nós, cristãos, precisamos de participar da Missa dominical porque só com a graça de Jesus, com a sua presença viva em nós e entre nós, podemos pôr em prática o seu mandamento, e assim sermos suas testemunhas credíveis.


Papa Francisco
Vaticano, audiência geral, 13.12.2017

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