Papa: Quanto mais amas, mais és capaz de te dar

Vaticano 15 março 2021  •  Tempo de Leitura: 5

«Se a escuta do Evangelho e a prática da nossa fé não nos alargam o coração para nos fazer colher a grandeza deste amor [de Cristo], e possivelmente deslizamos para uma religiosidade afetada, triste, fechada, então é sinal que devemos parar um pouco e escutar de novo o anúncio da boa notícia.»

 

A advertência foi proferida hoje pelo papa, durante a missa do quarto domingo da Quaresma, no qual se acentua a alegria no seio de um tempo marcadamente penitencial.

 

Na Eucaristia por ocasião dos 500 anos da evangelização das Filipinas, introduzida por uma dança pontuada por lenços brancos, o papa frisou que a Igreja «bela e atraente» é aquela que «não é enviada a julgar, mas a acolher, não a impor, mas a semear», «não a condenar mas a levar Cristo que é salvação», e acentuou que «o amor oferece-se sempre, dá-se, gasta-se».

 

«Quanto mais se ama, mais se é capaz de se dar. Esta é também a chave para compreender a nossa vida», afirmou o papa, acrescentando: «Não conta apenas aquilo que podemos produzir ou ganhar, conta sobretudo o amor que sabemos dar».

 

«Quem ama sai sempre de si mesmo», porque «a força do amor» «despedaça o egoísmo, rompe as barreiras das seguranças humanas demasiado calculadas, abate os muros e vence os medos»


O ser humano tende a «procurar a alegria onde não existe», «nas ilusões que desaparecem, nos sonhos de grandeza do eu, na aparente segurança das coisas materiais, no culto da imagem», mas todos estes são caminhos sem futuro.

 

«A experiência da vida ensina-nos que a verdadeira alegria é sentirmo-nos amados gratuitamente, sentirmo-nos acompanhados, ter alguém que partilha os nossos sonhos e que, quando naufragamos, vem socorrer-nos e leva-nos para um porto seguro», assinalou.

 

Cristo «não é uma bela teoria sobre como se ser feliz», mas é quem permite que o ser humano experimente o que é ser amado, revelando o rosto de Deus Pai, que não olha «indiferente» para a vida de casa pessoa nem se «compraz com a morte do pecador», mas que se preocupa em que «ninguém se perca». «Não é um deus que condena, mas um Pai que nos salva com o abraço abençoador do seu amor.»

 

A vida de Jesus ensina que «quem ama sai sempre de si mesmo», porque «a força do amor» «despedaça o egoísmo, rompe as barreiras das seguranças humanas demasiado calculadas, abate os muros e vence os medos», e é por isso que quem ama «prefere arriscar no dar-se mais do que atrofiar-se, contendo-se por si».


 

Paramentado de rosa, cor litúrgica do quarto domingo da Quaresma, Francisco agradeceu às mulheres filipinas pela «alegria» que levam pelo mundo, e em particular às comunidades cristãs», e elogiou-as por, em Roma, serem «“contrabandistas” da fé», semeando-a nos locais onde trabalham.

 

«O Evangelho da proximidade de Deus pede para exprimir-se no amor para com os irmãos; o desejo de Deus de que ninguém se perca pede à Igreja para cuidar de quem está ferido e vive às margens», declarou Francisco, que concelebrou a missa com o cardeal filipino Luis Antonio Tagle, anterior arcebispo de Manila e atual responsável pela Congregação para a Evangelização dos Povos.

 

Na procissão de entrada da Eucaristia foram levadas a cruz de Magalhães, com a qual foi celebrada, em 1521, a primeira missa de Páscoa em Limasawa, e a estátua do “Santo Niño”, que atrai milhões de peregrinos das 7641 ilhas do arquipélago.

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail