Bento XVI repete: «Não há dois papas»

Vaticano 1 março 2021  •  Tempo de Leitura: 4

«Não há dois papas. O papa é um só.» A renúncia ao pontificado, que aconteceu há oito anos (28 de fevereiro de 2013), foi uma opção crítica, mas muito bem ponderada, e da qual não se arrependeu, declarou o papa emérito Bento XVI, em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”.

 

A insistência de Ratzinger é justificada pelo próprio com a necessidade de contrariar pessoas próximas dele que continuam a ver motivos ocultos e inconfessáveis na decisão de renunciar ao pontificado, abrindo as portas para um conclave que veio a eleger Francisco menos de duas semanas depois, a 13 de março.

 

«Foi uma decisão difícil. Mas tomei-a em plena consciência, e creio que fiz bem. Alguns dos meus amigos algo “fanáticos” ainda estão zangados, não quiseram aceitar a minha escolha», afirmou Bento XVI, que a 16 de abril completará 94 anos.

 

«Penso nas teorias da conspiração que se seguiram [à renúncia]: houve quem tivesse dito que foi por culpa do escândalo do “Vatileaks”, por causa de um complô do “lobby gay”, por causa do teólogo conservador lefebriano Richard Williamson. Não querem acreditar numa opção tomada conscientemente. Mas a minha consciência está no seu lugar», vincou.

 

Ratzinger comentou também a visita de Francisco ao Iraque, programada para começar na sexta-feira, 5 de março, e com fim previsto para segunda-feira: «Julgo que é uma viagem muito importante».

 

Diariamente chegam a Bento XVI vários jornais, entre os quais o “Osservatore Romano”, o “Corriere della Sera” e dois diários alemães. A política é um dos temas de conversa


«Infelizmente, acontece num momento muito difícil que a torna também numa viagem perigosa: por razões de segurança e pelo Covid. E depois há a situação iraquiana instável. Acompanharei Francisco com a minha oração», acrescentou, com semblante preocupado.

 

O jornalista do “Corriere della Sera, Massimo Franco, descreve que a mente de Bento XVI «continua lúcida, rápida como os olhos, atentos e vivos», mas a voz é débil, as frases saem a conta-gotas, e os pulsos, muito magros, são sinais de fragilidade física.

 

Bento XVI reside no mosteiro Mater Ecclesiae, construído entre 1992 e 1994, no Vaticano, sendo acompanhado por quatro mulheres consagradas do movimento Comunhão e Libertação, que o assistem, e pelo arcebispo Georg Gaenswein, secretário pessoal.

 

Diariamente chegam a Bento XVI vários jornais, entre os quais o “Osservatore Romano”, o “Corriere della Sera” e dois diários alemães. A política é um dos temas de conversa com as mulheres consagradas, e tem um desejo para o novo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi: «Esperamos que consiga resolver a crise. É um homem muito estimado também na Alemanha».

 

Sobre Joe Biden, o segundo presidente católicos dos EUA, depois de John Fitzgerald Kennedy, Ratzinger observa: «É verdade, é católico e observante. E pessoalmente é contra o aborto. Mas como presidente tende a apresentar-se em continuidade com a linha do Partido Democrático… E em relação à política “gender” [género] ainda não percebemos bem qual é a sua posição».


[Fontes: Corriere della Sera, Vatican News]

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