Dizemos muito mas fazemos pouco!

Crónicas 24 abril 2019  •  Tempo de Leitura: 2

Somos muito bons com teorias. Com lemas e com slogans. Com cartazes de letras gordas e pintadas com cores que até se podiam fazer grito.

 

Somos muito bons a apregoar o que está certo. O que é bem feito. O que deve ser feito. O que pode ser feito.

 

Somos excelentes criadores de ideias, projetos, sonhos e planos.

 

Somos muito bons com balelas. Com palavras que toda a gente sabe e diz. Com conversas repetidas por todos e mais algum. Com provérbios e sabedorias populares.

 

O que nos falha, realmente, é a capacidade de fazer corresponder tudo aquilo que dizemos com tudo aquilo que fazemos. Quer dizer, já seria espantoso se conseguíssemos fazer corresponder metade. Ou um terço. Ou, até, uma ou outra coisa.

 

O que nos desarma, sem dúvida, é a nossa dificuldade inata para não fazer absolutamente nada do que apregoamos. Damos bons conselhos aos nossos amigos, mas, na maioria das vezes, não conseguimos segui-los ou viver de acordo com eles. Dizemos que as pessoas já não sabem esperar pela sua vez mas somos os primeiros a encontrar um esquema para passar à frente. Dizemos que as pessoas passam a vida agarradas aos seus telemóveis, de olhos pregados ao ecrã, e depois lá estamos nós de olhos postos no nosso, não prestando atenção aos que nos querem falar. Dizemos que as pessoas estão menos solidárias mas, depois, também não ajudamos ninguém. Dizemos que as pessoas estão reféns das tecnologias mas há um ano que não folheamos um livro. Dizemos que cumprimos as regras todas mas estacionamos o carro em segunda fila. Dizemos que as pessoas só querem saber do que está na moda mas somos os primeiros a procurar (e a comprar!) o que nos anunciam.

 

Somos tão bons no que dizemos. Só é pena que raramente sejamos capazes de o fazer.

 

Das duas, uma:

 

Mais vale estar calado. Mais vale fazer melhor.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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