Fazer tudo nem sempre é fazer o que é preciso!

Crónicas 27 junho 2018  •  Tempo de Leitura: 2

No silêncio do nosso coração, podem ser muitas as vezes em que nos ouvimos murmurar frases como estas: Quem me dera poder fazer tudo. Quem dera conseguir fazer tudo sem ter que escolher. Gostávamos de conseguir fazer mais. Gostávamos de ter uma metade de super-heróis dentro da humanidade que nos caracteriza (inevitavelmente!). Os nossos desejos mais profundos são sempre pautados pelo tudo. Queremos tudo. Não queremos escolher. Não queremos que a vida escolha o que nos vai dar de melhor. Queremos que a vida nos dê TUDO o que houver de melhor. Esperamos esse tudo da vida e das pessoas com quem nos cruzamos e a quem amamos. Queremos o lado bom de tudo. Podemos julgar-nos por isso? Não. Mas, lamentavelmente, e na maioria das vezes, não é isso que nos vai acontecer. Teremos metades boas e metades menos perfeitas.

 

Mergulhados nas nossas vontades vamos acabar por confundir tudo. Vamos encher os nossos dias com quantas coisas pudermos. Vamos querer experimentar tudo ao mesmo tempo esperando que a vida nos dê tudo ao mesmo tempo. Podemos julgar-nos por isso? Não. Mas, mais uma vez, não é assim que vai acontecer. Encher os dias de tudo,e colecionar coisas feitas, não nos vai dar mais significado. Às vezes, não vai mesmo significar nada. Às vezes, vamos olhar para as coisas que fizemos e vamos vê-las evaporar-se. Vamos desejar ter feito outras. Vamos desejar ter vivido outras. Vamos querer ter feito diferente. Talvez valha a pena ousar fazer menos. Ousar recusar fazer tudo. Ousar não aceitar todos os convites e arriscar viver o que nos pode trazer mais valor. A nós, aos outros, ao mundo e a tudo o que está à nossa volta. Ousar fazer o que é preciso.

 

Não te confundas. Menos pode ser mais. E tudo pode ser (muito) pouco.

 

Não te deixes agarrar por nada. Por ninguém. Estar sozinho também é caminho.

 

Não te percas nas coisas que decides fazer. Encontra espaço para o silêncio de nada fazer. Nada pensar. Nada esperar.

 

Dizem que é quando menos se espera que a vida abre os braços para (te) surpreender.

 

É esperar para ver!

tags: Marta arrais

Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail