O respeito que não temos!

Crónicas 23 maio 2018  •  Tempo de Leitura: 2

Ainda falta tanto para nos respeitarmos de verdade.


Ainda falta tanto para nos orgulharmos de ser pessoas.


Ainda falta tanto para os mais pequenos não sentirem que não faz diferença ser pequeno. Ou gordo. Ou magro. Ou tímido. Ou demasiado extrovertido. Ou deprimido. Ou usar o cabelo rosa. Ou bipolar. Ou andar de cadeira de rodas. Ou usar óculos. Ou gostar de ler. Ou gostar de música clássica. Ou preto. Ou branco. Ou chinês. Ou indiano. Ou andar de bengala. Ou velho. Ou anão. Ou qualquer outra coisa que nos passe pela cabeça.


Ainda falta tanto para não ser preciso escrever sobre um valor universal. Sobre o inquestionável.


Ainda falta tanto para nunca mais ninguém se sentir gozado. Maltratado. Abandonado. Humilhado. Ignorado.


Ainda falta tanto para olharmos para o RESPEITO com a seriedade que nos merece e não passarmos por um texto sobre o assunto e acharmos que é um cliché. Que interessa pouco.


Não sei se teremos a verdadeira noção do quanto influenciamos a vida dos outros com a nossa vida. Com a forma como escolhemos agir, pensar, rir e falar. Não temos, pois não?


Não sei se saberemos que deixar o carro em segunda fila, impedindo uma outra pessoa de seguir a sua rotina, é falta de respeito. Não sabemos, pois não? Somos preguiçosos de forma deliberada e não nos interessa quem chega depois. Interessa-nos chegar. Quem chega depois? Não nos interessa minimamente.


Não sei se saberemos que não levar o nosso lixo para a rua, esperando que o vizinho ou (outro alguém) o faça, é falta de respeito.


Não sei se saberemos que não devolver um bom dia ou boa tarde, castigando o outro pelas nossas más disposições ou irritabilidades, é falta de respeito.


Não sei se saberemos que não responder a uma mensagem, e-mail ou outra qualquer palavra que alguém nos dirige (de forma escrita ou falada!) é falta de respeito.


O respeito está em vias de extinção. Sufocado e moribundo pelas nossas ausências de gentileza e bom trato. Pela nossa incapacidade de nos colocarmos na pele do outro.


Quem nunca se viu num dos cenários atrás referidos, que atire a primeira pedra. Isso. O melhor mesmo é guardar as pedras no bolso. O melhor mesmo é olhar para a nossa vida com olhos de quem quer viver melhor. De quem quer fazer melhor. De quem pode fazer melhor.


Ainda vamos a tempo.

tags: Marta arrais

Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail