Será possível esperar sem desesperar?!

Crónicas 16 maio 2018  •  Tempo de Leitura: 3

Não vale a pena estar com grandes rodeios. Ninguém prefere esperar se houver hipótese de não ter que o fazer. Preferimos que a fila do supermercado ande depressa. Preferimos que não esteja ninguém à nossa frente no self-service da lavandaria. Preferimos ser os primeiros a chegar ao restaurante e preferimos que nos atendam rapidamente. Preferimos que a nossa vez chegue o mais depressa possível. Em tudo, claro está. Claro que haverá quem diga que não se importa de esperar. Que tanto faz. Que a espera lhe é indiferente. Não acreditem muito nisso. Com certeza que, para alguns de nós, a espera será mais suportável. Mas nunca uma escolha. Nunca uma primeira opção. Basta colocar as coisas desta forma. Se nos perguntarem: “Queres esperar uma hora pela tua mesa ou sentar-te já?!” ou


“Vais escolher a fila com mais ou menos gente?!” ou ainda

 

“Queres a resposta da tua entrevista de emprego hoje ou amanhã?!”

Todos sabemos qual seria a resposta de cada um de nós a qualquer uma das perguntas. No entanto, nem sempre podemos escolher. Nem sempre é possível pedir para não esperar. Nem sempre é possível atalhar caminho e chegar depressa. A espera desespera. Faz-nos perder a paciência e, pior ainda, faz-nos perder capacidades. Deixamos de ser capazes de olhar para a luz das coisas. Deixamos de ser capazes de olhar para os cantos bonitos da rua e passamos a escolher olhar para os mais sujos e escuros. Custa-nos muito quando esperamos durante muito tempo por alguma coisa que desejamos ardentemente. Custa-nos alguma fé. Alguma força. Depois entramos num ciclo feio de raciocínios pouco inteligentes que nos hipotecam o bom humor e a boa disposição. Haverá, então, algum truque para fintar o desespero e suportar melhor a espera?


Há. E só há um. A espera é só a primeira parte da palavra esperança. E isso não pode ser por acaso. A única coisa capaz de nos ajudar a enfrentar a impaciência de ainda não termos o que queremos que seja nosso é a esperança. Enquanto se espera, há que ter esperança. Não a esperança de que aconteça exatamente aquilo que eu quero mas que aconteça, exatamente, aquilo que for melhor para mim.


Se estiveres à espera seja do que for, não desesperes. Junta umas letras a essa palavra que te tira o sono e escreve a esperança que te falta!

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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