أبكي لك سوريا (Eu choro por ti, Síria)

Crónicas 6 março 2018  •  Tempo de Leitura: 3

Basta! É o que me vem à cabeça sempre que vejo as notícias da Síria. Não consigo ver  crianças a morrerem desta forma e ficar indiferente. Como é possível num mundo onde se proclama o progresso e a civilização como bastiões do desenvolvimento, continue a ver-se imagens de hospitais bombardeados e bebés e crianças mortas entre os escombros?

Não basta dizer: "Coitadinhos"...

A frequência destas imagens, que nos comovem imenso no momento, corre o risco de um ou dois dias depois cair no esquecimento de uma memória que se acomoda ou encontra razões para tal: "É um país em guerra e estas coisas acontecem..." (!?)...

A indiferença mata!...

Tenho entre os meus "apontamentos" da faculdade uma frase que sempre me interpelou . É de Václav Havel, que foi o último presidente da Checoslováquia e o primeiro da República Checa: «A experiência histórica ensina-nos que o ponto de partida realmente significativo para o Homem, é que ele traz em si mesmo um elemento de universalidade, que não é acessível apenas a uma comunidade específica e impraticável para as outras, mas capaz de ser ponto de partida para todo e qualquer um, homem ou comunidade. Esta marca não é só expressão da responsabilidade do homem para consigo próprio mas sempre, por sua essência,  responsabilidade para com o mundo e pelo mundo.»

Não chega ficar pela expressão: "O que é que se pode fazer!?..."

Se estas imagens de crianças exterminadas por bombardeamentos com rostos e responsáveis, são aceitáveis ao fim de algumas horas ou dias nas nossas consciências é porque o ser humanos atingiu o fundo... Temos que ser responsáveis por todos. Somos "naturalmente" comunitários e fraternos. É verdade que existe uma cultura cada vez mais dominante que é o individualismo, mas como cristãos temos que remar contra ela.

Então o que é que podemos fazer?

A esta distância, o cristão tem que tomar duas atitudes: primeiro rezar e depois, viver o Evangelho a sério.

Se a oração é colocar nas mãos de Deus a nossa vida e a vida dos nossos irmãos, então faz todo o sentido. A oração consciente muda corações. Rezemos por estes mártires de uma guerra, que geograficamente é um pouco distante, mas que trai a liberdade humana que é dom de Deus. Rezemos, de facto! Que seja muito mais que um suspirar.

Depois, vivamos seriamente o Evangelho. Não posso desejar que o mundo mude se eu não mudo a minha vida. Se eu, no meu pequeno mundo, procuro construir relações fundadas no respeito, na verdade e na paz, então posso desafiar os outros a fazerem o mesmo. Estas relações autênticas são um desafio ao mal e à morte. Vivamos, de facto! Que seja muito mais que um vegetar.

O que vais fazer?

 

p.s. Aconselho a ler o texto de Henrique Raposo "Salmo de amizade"

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail