«Os verdadeiros professores ensinam com um sorriso»
Sem esperança, não há futuro. Esta é a minha grande síntese depois de ter participado em Roma no Jubileu do Mundo Educativo.
A ausência da esperança estreita os nossos horizontes, entrega-nos ao preconceito, fecha o futuro e extingue a solidariedade. Não é por acaso que semear a desconfiança é uma estratégia para dominar o outro. É assim que sufocamos! Não cedamos à tentação da desconfiança, da desilusão e do desencantamento, mesmo quando tudo parece impossível. Como disse o Papa este fim de semana: «Os verdadeiros professores ensinam com um sorriso»
O mundo atual é profundamente diferente de há apenas cinco anos. A pandemia marcou um claro ponto de viragem, basta olhar para os conflitos bélicos. Os nossos métodos e ideias de educação estão muitas vezes ligados a um mundo que já não existe. Para educar, precisamos de estar no mundo, ouvi-lo e acompanhar aqueles que nele vivem. Atualmente, vivemos na era em que os seres humanos estão a destruir as próprias condições da sua existência.
A educação deve ser capaz de abarcar todas as dimensões da humanidade: dimensão pessoal, porque as pessoas estão cada vez mais fragmentadas internamente; dimensão social, porque vivemos numa sociedade que produz mais conflitos, basta olhar para o radicalismo das redes sociais; a relação com o ambiente; e, a mais grave de todas, a perda completa da dimensão espiritual que não é meramente religiosa, mas abrange vários aspetos da humanidade, desde a arte, a poesia à abertura ao mistério e à transcendência.
A pandemia revelou-nos que estamos todos interligados e que o distanciamento social é vivido como algo forçado, antinatural. Isto deve levar-nos a refletir sobre o facto do individualismo no qual baseámos os nossos modelos educativos ser irrealista e totalmente inadequado para abordar as dinâmicas do nosso tempo. A educação deve passar por reconhecermos o valor essencial das relações. Por reconhecer as limitações sérias que encontramos quando nos julgamos capazes de alterar a realidade sozinhos, sem a ajuda do outro. A interdependência significa que somos todos livres mas interligados. Somos relação.
A educação, neste momento, é mais do que necessária, pois é a forma de combater a fragmentação e o individualismo; de recompor a unidade da pessoa e os laços sociais. É preciso questionar a ideia de que qualquer pensamento que não seja cálculo, raciocínio ou número é para ser desprezado e descartado. A educação, é e deve ser um caminho para curar as feridas: pessoais, sociais e ambientais.
A educação não é um modelo de transmissão; não se trata de transmitir conteúdos, mas antes um processo relacional. Assenta numa relação de crescimento mútuo entre o educador e o educado. Este é um aspeto fundamental, o cuidado de ver, de prestar atenção, de dedicar-se e envolver-se.
Educar é cuidar das feridas deste mundo. É renovar e renovar-se a si mesmo. O educador não deve pretender ser um executivo, mas antes um mestre capaz de fornecer ferramentas, de acompanhar a a vida, de suscitar a curiosidade e vontade de ser mais ainda.
«O papel dos educadores, porém, é um compromisso humano, e a própria alegria do processo educativo é inteiramente humana, “uma chama que une as almas e faz de muitas uma só”.» disse Leão XIV, citando Santo Agostinho.