Rezar a Vida : O caminho sinuoso
Senhor,
Na minha pequenez, venho agradecer
O caminho sinuoso que, por vezes,
Me levas a percorrer.
Nele tenho aprendido
Que nada nesta vida é garantido
E que o hoje é um dom,
Mesmo quando é sofrido.
Que estranho paradoxo encontrar
Nas tempestades da alma,
O doce sabor da serenidade
E a brisa suave da tua paz,
Bonança de quem, enfim, compreende
A beleza daquela cruz,
Que transformou as nossas dores em luz,
E das chagas da tua paixão,
Que nos trouxeram a glória da tua ressurreição,
Com uma promessa de salvação.
Que enorme contradição descobrir,
Na pobreza humilhante, riqueza
E força, na incapacitante fraqueza,
Pois, assim desamparada,
Experimento a graça de ser consolada
E o júbilo de ser amada,
Mesmo quando não tenho nada
Para oferecer.
Que absurdo desvelar nesse nada
A possibilidade de um tudo,
No fim, um princípio e nas trevas, luz.
Tecida de antíteses é a nossa história,
De curvas e contracurvas,
De danças e contradanças.
Percebo então, com alegria, que,
No silêncio ensurdecedor
De uma vida mal vivida,
Ouvi encorajar-me a tua voz,
Sob o peso esmagador das minhas dores,
Senti a leveza das tuas carícias,
No fel da minha angústia,
Saboreei o mel da tua ternura
E, no abismo do meu desespero,
Senti o alento da tua esperança.
Por isso, Senhor,
Na minha pequenez, venho agradecer
O caminho sinuoso que, por vezes,
Me levas a percorrer,
Pois nele encontro um sentido renovado para o meu ser,
E mais oportunidades para crescer
Na fé, na esperança e na caridade,
Na comunhão e na fraternidade,
Pintando com a tua paleta o meu viver!