12 conselhos que revolucionaram espiritualmente a minha quaresma

Este artigo é uma partilha de algumas reflexões que o Senhor teve a graça de me dar num retiro feito recentemente. Não foi graças à minha inspiração, foi graças a Deus e ao bom pregador que colocou no meu caminho.
 
Na nossa vida somos como o leproso do Evangelho: estamos no caminho para a cura. Caminhamos na fé e na esperança de que Jesus, com a sua graça e quase sem nos percebermos, vai curando e transformando o nosso coração.
 
Foi bom ter feito o retiro antes destes 40 dias de preparação para a Páscoa. Acredito que para a Quaresma, estes 12 conselhos, poderão ser muito úteis no teu caminho de proximidade com Jesus.
 

1. Nossa conversão é uma tarefa impossível

 

 
Sim, lestes bem, é impossível. Não está, nem nunca estará dentro das nossas possibilidades. Converter-se significa permitir que o Outro intervenha. Definitivamente não posso fazer isso sozinho, necessito que Deus intervenha, passe a meu lado no caminho e me cure. O nosso processo de conversão não é nada mais do que irmos fazendo-nos, pouco a pouco, mendigos da sua graça. Nossa vida é como um hospital de campanha, conforme vai passando o médico (Cristo) vai curando os doentes. 

 

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2. Implica uma mudança de olhar

 

 
Estamos habituados a ver-nos a nós mesmos e à realidade a partir do nosso olhar limitado e muito humano. Quando olhamos para as coisas a partir do amor e da esperança, descobrimos realidades que não vemos facilmente. É pedir a Maria para nos ajudar a ver com os seus olhos. Depois da crucificação e morte do seu filho, quando o contempla nos seus braços, é capaz de ver o Ressuscitado. Mudar o nosso ponto de vista significa aprender a ver que a nossa limitação é o lugar da salvação. Sim, por isso, o inesperado acontece no meio da desesperança e Deus pode fazer grandes coisas em nós se deixarmos que a nossa fragilidade dê lugar à sua presença.

 

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3. Trata-se de olhar sempre com os olhos de filho

 

 
Na vida não é o mesmo ter um olhar de órfão ou um olhar de filho. Pense como é diferente para uma criança enfrentar as dificuldades sozinho ou na companhia do seu pai. Nossa condição é a de ser filhos dependentes do amor do Pai. Se fomos feitos segundo o modelo de Cristo, e é disto que se trata, temos que ser antes de tudo  crianças como Ele o foi. A nossa vida vai-se tornando cada vez mais livre na medida em que caminhamos nesta relação filial. Na nossa vida diária fazá-nos muito bem pergunatr constantemente: Onde está o meu olhar, dirigido para o mal em mim e no mundo, ou na presença de Cristo em mim? 

 

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4. Converter-nos à beleza

 

 
Pôr os olhos em Cristo significa, viver seduzido pela sua beleza, descentraliza-nos de nós mesmos. Quando nos deixamos deslumbrar por uma beleza superior deixamos de pensar tanto em nós mesmos, no que nos entristece... Trata-se de não permitir que as nossas labutas diárias apaguem a nossa abertura à graça e à surpresa  das constantes luzes que Deus coloca em nossas vidas. Pensemos no amor humano: quando um rapaz se apaixona por uma rapariga vive fascinado pela sua beleza e esquece-se um pouco de si mesmo. Então, o que ama Cristo, vive da contemplação da sua beleza e isso permite-lhe descentrar o olhar do que não é Dele.

 

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5. Tomar consciência do tesouro encontrado

 

 

 

Perceber quem é Cristo nas nossas vidas, do que Ele significa para nós. Voltar constantemente a esta passagem da nossa vida: “Eu ia a caminhar pelo campo da minha vida e de repente encontrei um tesouro. Vendi tudo o que tinha e comprei o campo onde estava o tesouro porque valia mais do que tudo o que já tinha”. [cf. Mt 13, 44-46] Converter-se significa ser capaz de ver a realidade como um todo: que, ainda que o campo da minha vida tenha muitos defeitos, ele contem um tesouro inestimável que não trocaria por nada. Isto é o que vale mais.

 

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6. Viver o hoje. Só o hoje é real

 

 
 
O diabo leva-nos para fora do momento presente, impede-nos de ver o presente, fecha-nos nas culpas do passado ou nas incertezas futuras. Deus, por seu lado, age na nossa realidade, no nosso hoje. Não há nada mais real do que o nosso presente. Devo crescer na minha fé para perceber que, ainda que este se me apresente como doloroso, se me afasto dele pelo desespero, desconfiança ou esquecimento, deixo de receber o que Deus me dá.

“Ao levantar-nos todos os dias, seja qual for a situação que experimentemos, incluindo mesmo as mais difíceis ou extremamente dolorosas, há um bem para nascer no limite do nosso horizonte humano" (Luigi Giussiani).

 

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7. Viver de acordo com o que somos

 

 
A nossa condição é ser caminhantes, sabendo-nos em marcha não fechamos os olhos aos desertos que passamos e sabemos que o deserto não é a última palavra. Muitas vezes caminhamos como se houvesse apenas areia e condenamos o horizonte que se abre, ou nos escandalizamos com a nossa própria fraqueza ou a debilidade das pessoas que nos rodeiam. Sim, é verdade, somos pecadores e precisamos da ajuda constante da graça, mas nós também somos filhos amados de Deus. Ele vive em nós e nossa vida está aberta à santidade e à felicidade.

 

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8. Não viver dos acontecimentos, mas d’O acontecimento real

 

 
 
É o olhar que se eleva e contempla Cristo, recorda Cristo Vivo e presente quando todos parecem esquecê-lo (como quando Maria vê o corpo morto do seu filho e o vê ressuscitado). Nos momentos difíceis ou quando tudo vai bem, aprendamos a perguntar: que bem quer Deus retirar deste acontecimento? Por detrás de todo o acontecimento está a Ressurreição, o real e verdadeiro acontecimento que enche de sentido e de esperança a nossa vida.

 

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9. Aprender a viver perdendo e aceitar ser derrotado por outros

 

 

 

 
Perder os dons para ficarmos com o doador. Perder o que tenho entre os meus braços para abraçar o pai.  Aceitar ir a Deus com as mãos vazias, porque o que ele quer são as minhas mãos, não as minhas mãos cheias. Os cristãos acreditam que quando há fracasso na nossa vida, é porque Deus quer triunfar. Quando a escuridão vem, é porque Ele quer ser luz.

"Nenhum lutador é tão divino como aquele que pode preparar-se a vencer superando a derrota. No momento em que recebe a ferida mortal, o seu adversário cai definitivamente ferido por terra. Como ele ataca o amor ele é afetado por amor "(Hans Urs von Balthasar).

 

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10. Crer que a Cruz é a árvore da vida

 

 
 
Como cristãos somos chamados a entrar na Cruz. Jesus nunca disse o contrário, afirmou-o várias vezes. A cruz sempre foi, é e será o meio, o lugar, a ocasião, o instrumento da nossa salvação. Viver queixando-nos dela como se fosse um obstáculo, é viver como se não fossemos cristãos.

 

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11. Reconhecer o meu lugar concreto na Igreja

 

 
Não sou o centro da história, por isso tenho que viver apenas como um entre tantos membros da Igreja. Não devo empenhar-me só em mim, ver só o que se passa em mim, santificar-me como me parece, como eu acredito que tenho que me converter, etc. Trata-se de conhecer e ser fiel ao lugar onde Deus me colocou para a minha própria felicidade.

 

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12. Viver em esperança

 

 
 
Viver a espera de que Senhor realize um milagre. O objetivo da nossa vida humana é sermos salvos. Nada pode impedir que a primavera brote e a tempestade se acalme. Perguntar-me sempre: Quais são as minhas perdas? Porque estas são as sementes para que a vida nova germine. Por baixo da minha queda estão as mãos de Jesus. Ele rebaixou-se tanto que não há quedas, por mais profundas que sejam, que Ele não possa resgatar.  Ele colocou-se diante do inferno.

A nossa vida consiste em crescer na medida do que esperamos, a medida da nossa esperança.

 

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[ Por Luisa Restrepo | ©catholic-link. com | Traução: Bento Oliveira, iMissio]

Bento Oliveira

Coordenador iMissio.

Pai. Licenciado em Ciências Religiosas. Professor de EMRC. Gosta de pensar e evangelizar nas redes! O trabalho em equipa é o presente da pastoral.

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