Um pessimista não é alguém triste, não se deixa é levar pelas ilusões otimistas sem fundamento. Prepara-se de forma prudente para o pior, que, tantas vezes e por isso mesmo, não sucede!

Há também pessoas que vivem sem grande fé, nem sequer em si mesmas. Quando o pessimismo ataca a vontade, as pessoas tornam-se vítimas. Sentem-se fora do mundo, sem nele reconhecerem a sua casa, nem o considerarem como responsabilidade sua. Estas vítimas voluntárias julgam que é de fora que lhes chega o mal. Mais, esperam com convicção que a solução chegará, mas de fora... sem que nada tenham de fazer… numa espécie de desistência de si, que acaba por destruir a vontade e conduzir a uma renúncia quase total da liberdade.

Alguém cuja razão é prudente e a vontade é confiante tem o que lhe basta para ser feliz, em qualquer circunstância.

Será que alguém pode ser feliz sem pensar em todas as perdas que a vida envolve? Há tanta gente que é tão otimista que julga pertencer à primeira geração de imortais da história da humanidade!

O dia de hoje não é o nosso destino final. O melhor está no futuro, por entre muitos cenários maus, que importa evitar, prevenir e combater.

Ser humano é ser causa. Ser protagonista da sua própria vida num mundo que é também coisa sua. Com base numa atenta lucidez, não em otimismos ocos, a que se deve aliar uma vontade paciente, corajosa e diligente. Uma fé enfrenta os medos sem fingir que eles não existem ou que desaparecerão por um qualquer milagre. É esta coragem de poucos que abre caminhos a muitos.

Quando o coração está agitado é incapaz de silêncio, não tem paz, nem descanso tão-pouco... é essencial encontrarmos os caminhos pelos quais nos podemos afastar das impurezas que nos mancham, das sombras que nos cegam, dos egoísmos que nos empobrecem e dos orgulhos que nos enfraquecem.

Podemos chorar longe dos olhares do mundo, mas as lágrimas são sempre sinal de um amor firme que se dirige a alguém concreto.

[ilustração de Carlos Ribeiro]