Apesar de o medirmos objetivamente, a noção e a vivência do tempo é sempre muito subjetiva, assim como a escolha que fiz das notícias que marcaram a semana mas que se repercutem bem para lá dos sete dias.

1. SEPARAÇÃO DE PODERES – Um dos sinais mais evidentes da maturidade de um sistema político democrático é a clara separação de poderes e o respeito pelas suas diversas instâncias. Durante esta semana, a vida política nacional foi assolada por acusações de desrespeito do correto funcionamento da separação de poderes entre a Assembleia da República e o Presidente da República e inúmeras justificações a favor e contra. Uma coisa é certa, o diálogo mais ou menos formal/institucional não ocorreu nos trâmites devidos ou então não haveria polémica. Deixando assentar a poeira, pessoalmente parece-me uma birra das duas partes, como de um filho que recorre ao pai na tentativa de desautorizar a mãe e uma mãe que tenta não perder a sua autoridade…

2. DESINFORMAÇÃO – Nos tempos que correm, o quarto poder é mesmo muito forte, talvez o mais forte, e impõe a sua força um pouco por todo o lado. O lado negro da força desta vez tentou manipular um discurso do Papa. A celeuma a propósito da falsa afirmação de que seria melhor ser ateu do que cristão hipócrita só revela muita desatenção por parte de certos meios de comunicação social, pois já em fevereiro de 2014 o Papa numa homilia falou do “escândalo” de quem não “pensa”, “sente” e “age” como cristão. Três anos depois, retoma o tema para reafirmar o repúdio pelo escândalo resultante da duplicidade de vida de um cristão e não para estabelecer uma relação de valor e/ou comparativa com um ateu. “Quantas vezes ouvimos - todos nós, no bairro e noutros locais -, ‘ah, para ser católico como aquele, mais vale ser ateu’. É este, o escândalo”, as palavras da polémica. Citando a Ecclesia “O Papa deu o exemplo de uma empresa “importante” que estava perto da falência, cujos funcionários não recebiam o salário; as autoridades que queriam evitar uma “greve justa”, mas não conseguiram falar com o responsável, “um católico, de férias numa praia do Médio Oriente”.

3. OPE – Orçamento Participativo das Escolas, as siglas iniciais referem-se a isto. Reconheço que é uma iniciativa interessante, não tanto pelo que se possa conseguir realizar, embora importante, mas pela dimensão pedagógica da iniciativa de envolver os alunos num processo de observação de espaços comuns e de reflexão de melhorias com vista ao bem comum, comprometendo-os e implicando-os em todo o processo, da proposta à concretização. É finalidade do sistema educativo formar cidadãos ativos. Este é o caminho.

4. CAMPEÕES – Lamento, não sei ainda quem será o campeão nacional. Mas realço o feito do tricampeonato europeu de padres alcançado pela equipa nacional de futsal de padres. Não só pelo feito assinalável alcançado na Croácia frente à Bósnia-Herzegovina por 3-0, mas pela lembrança de que os padres também são humanos, com talentos e lacunas como todos, e que desta forma tornam a Igreja mais próxima e companheira de vida, de tudo o que é viver. Parabéns.

5. APOSTAS – São cada vez mais frequentes as denúncias de apostas irregulares. A aposta baseava-se numa implícita honestidade de que o resultado não seria de forma alguma condicionado por fatores externos ao objeto da aposta. Atualmente, a relatividade da verdade e da honestidade está em causa um pouco por todo o lado e o mundo das apostas é uma das pontas do iceberg. Que é feito da Honra?!

6. FESTA – Eu gosto muito de festas… e não devo ser o único! Esta semana tive a oportunidade de festejar com os amigos o dom da vida. É interessante como a amizade torna cada momento especial para quem nela vive. O vida vivida e festejada com o outro é muito mais do que a minha vida. Deixa de ser nossa e ganha vida que passa a alimentar, animar, sustentar, acarinhar a vida de cada um na medida em que cada um mais precisar. Obrigado, pela vida e pelos amigos! Que contemos muitos!

7. “E ao sétimo dia descansou”. (Cf. Gn 2, 2)