Namorar é caminhar. Fácil? Não, não é.

Hoje celebra-se São Valentim, dia dos namorados. Podia ficar por aqui e estaria tudo dito sobre esta comemoração comercial. Confesso que sou pouco romântico "por marcação" ou "por pedido". Explico-me. Ou o amor é um caminho que se percorre ou não é amor. Portanto, o dia 14 de fevereiro, ou foi o início de uma caminhada a dois ou não faz falta nenhuma no calendário do casal de namorados.
 
Vivemos numa sociedade cada vez mais globalizada e comercial. O dia dos namorados é consequência desta vivência "interesseira". Ainda na semana passada escrevia acerca da queda do número de casamentos pela Igreja. E o Papa Francisco, já alertou, por diversas vezes,  para a nulidade sacramental da maioria destes. Muitos casais entendem que este sacramento é apenas uma bênção, um costume social para agradar a pais e família. A realidade sobrenatural é completamente esquecida.
 
Portanto, tudo se comercializa. Até o "mundo dos afetos". Se o namoro antigamente era entendido como aquele período em que um casal apaixonado procurava conhecer-se melhor a fim de concretizar um projeto futuro a dois, hoje é um bem que se "consome".
 
Quando falo com a maioria dos jovens que "namoram" vejo que têm dificuldades em assumir a palavra "namoro". Hoje "anda-se" com alguém. Hoje "curte-se" com alguém. Sem o mínimo interesse de se saber se é para sempre ou não. O "para sempre" amedronta a juventude.
 
Hoje os namorados "olham" para o possível casamento como um investimento. Ainda que não o façam de uma forma simples ou consciente, avaliam a conveniência desta escolha. Acrescenta alguma qualidade à sua vida? E como tudo é tão "consumível", qual será o impacto de uma possível separação, divórcio ou, simplesmente, conflito? Por isso é que quando se cansam de "andar" com alguém, "descasa-se". Se não "houver papéis", tanto melhor.
 
Este egoísmo ou egocentrismo faz com que as próprias relações sejam sempre mais "privadas". Cada vez mais pensa-se e vive-se o amor entre homem e mulher como algo fechado sobre eles e sem consequências públicas. Os casais fecham-se sobre si mesmos num romantismo que corre o risco de asfixia.
 
Namorar é caminhar. É sair de si e ir ao encontro do outro para depois caminharem juntos. Fácil? Não, não é. Em momentos em que a paixão se esvai, é duro. Então pode ser uma caminho "até que a morte os separe"? Se nos limitamos à nossa humanidade, talvez se torne mesmo impossível. Mas para os cristãos, existe Deus. Se o casal se entregar nas mãos de Deus, então Ele os protegerá. A graça que se recebe no sacramento é aquela de, ao longo da vida, se fazer o par ideal para o amado. Todos se preocupam em ter o par ideal e esquecem-se de ser esse mesmo par ideal. Mas é especificamente aqui que a graça divina atua.
 
Boa caminhada.
 

 

Paulo Victória

Cronista

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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