Missão Servir

«Por esse tempo, pôs-se Jesus a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.”» (Mt 11, 25-26)

 
Quando pensamos em Peniche, pensamos logo num bom peixe. Mas deste lugar tão pitoresco da costa portuguesa, não encontramos só a boa gastronomia. Foi notícia a semana passada, a vitória no Programa Young VolunTeam, pela Escola Secundária de Peniche (ESP).

 

Programa Young VolunTeam, é o programa educativo da Caixa Geral de Depósitos dirigido aos alunos que frequentam o Ensino Secundário, em parceria com a Sair da Casca e a ENTRAJUDA e com o apoio da Direção-Geral da Educação e do Programa Juventude em Ação da Comissão Europeia. Tem por objetivos, entre outros: sensibilizar toda a comunidade educativa para a prática do Voluntariado como expressão de cidadania ativa; reforçar o reconhecimento da importância do seu contributo para o desenvolvimento de competências fundamentais nos jovens em diferentes eixos: inclusão social, empreendedorismo, educação, emprego e cidadania.

 

Durante este ano letivo participaram 93 escola, num total de 185 professores coordenadores e cerca de 2400 alunos.

 

Se este programa pretende sensibilizar para o voluntariado, no contato que estabeleci com a professora Ana Cristina Marques, coordenadora deste projeto vencedor, percebi que o mesmo já existe nesta escola desde os anos 90, ainda que só em 2008 é que tenha sido criado o clube Missão Servir. «Surge no âmbito da disciplina de EMRC, a 15 de Outubro de 2008, por iniciativa de um pequeno grupo de alunos, a partir de uma experiência de voluntariado no Centro de Deficientes Profundos João Paulo II, em Fátima. Desde então, muitos grupos de jovens têm passado pelo clube dando um pouco de si em favor do Outro.», escreveu-me a professora.

 

 
Um trabalho notável, feito por estes professores de Educação Moral e Religiosa Católica na ESP. Tal como o Evangelho deste fim-de-semana, lá diz o ditado popular: «De pequenino é que se torce o pepino». De facto, se queremos uma sociedade melhor, mais solidária, mais humana, devemos começar pelos alicerces. E estes são a nossa juventude. E aqui, a seguir à família, está a escola. E verdade seja dita, sem qualquer desprimor para as outras disciplinas, a EMRC, tem tido um papel fundamental nesta construção.
Foi pois, com grande júbilo interior, que me apercebi que a participação neste programa não foi uma ocasião para iniciar o voluntariado. «O Programa Young VolunTeam surge no ano 2012/13 como uma oportunidade de aprendizagem e de organização das atividades desenvolvidas ao longo destes 5 anos.»
A ESP ao longo dos últimos anos tem desenvolvido imensas atividades de voluntariado, que inseriram no Young Missão Servir, como podem ver no vídeo seguinte.
 

 
E o que nos dizem os alunos voluntários? O que sentem?
 
«É me, particularmente, difícil escrever sobre o que e ser voluntario da MS, penso que é algo, que se sente, não se escreve… Mas aqui vai: Ser voluntário, para mim, é acreditar que ao fazermos voluntariado, estamos a dar um bocadinho da nossa vida a um outro alguém; é dar amor e alegria a quem precisa; é ajudar, sem esperar nada em troca; é olhar para além, do que os olhos veem, é ver com o coração. É ‘’Transformar as nossas horas vazias em sonhos’’.», Daniel Pereira, 17 anos.
 
«Nestes três anos aprendi que ser voluntário é ser paciente com o próximo; é partilhar e ajudar; é ser criativo nas mais diversas atividades; é apoiar e cuidar; é encontrar no outro a sua própria felicidade; é preocupar-se; é sentir o coração cheio com um sorriso do outro. Mas ser voluntário é sobretudo deixar que seja o coração a guiar-nos e a falar por nós.», Adriana Anjos, 18 anos, que faz uma visita semanal a uma “avó”, uma senhora de idade avançada e com algumas limitações de mobilidade.
 
«O voluntariado na ESP não tem explicação fácil. Somos uma família que dá tudo pela felicidade dos outros, e é isso que faz de nós não apenas alunos, mas cidadãos. É aqui que aprendemos valores, que se criam laços... É aqui que se transformam horas vazias em sonhos!», Rita Andrade Curopos, 17 anos.
 
«Dentro de cada pessoa encontra-se um voluntário, ouvi esta frase na entrega de prémios do Young Volunteam. Ela faz sentido, mas se a modificarmos para dentro de cada aluno da ESP existe um voluntário, para mim ela ganha um outro sentido ainda mais especial. Dentro desta lógica e sem fugir à regra, nestes três anos que passei na ESP sempre tentei fazer o máximo de voluntariado que conseguia. Para mim é das experiências mais bonitas que existem, acho extraordinário, jovens da nossa idade fazerem o tipo de voluntariado que fazemos, com a vontade que fazemos (desde com crianças de 1º ciclo ou 2º ou 3º, até idosos e doentes profundos). O gosto por fazer voluntariado é real! Não é para parecer bem ou agradar a quem quer que seja. E tendo em conta esse gosto saber que temos empresas como a CGD e associações como a Entreajuda e a Sair da Casca que fazem concursos em que nos incentivam e nos ajudam a fazer algo que gostamos, como podem imaginar, para nós é fantástico e motivo de uma grande alegria e motivo de uma maior motivação, do que a que já temos.», Manuel Coutinho, 18 anos.
 
"Felizes aqueles que transformam as suas horas vazias em sonhos" - Abel G. Saint'ell
 
Parabéns, Escola Secundária de Peniche!
 
“Bora lá Servir?”

Paulo Victória

Cronista

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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