Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos: Ser Catequista!

“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.»” (Jo 20, 19-21)

 

«Ide, portanto, e fazei que todos as nações se tornen discípulas, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei.» (Mt 28, 19-20)

 

É com estas duas citações que vos quero escrever sobre esta forma de fazer voluntariado: Ser Catequista!
 
Quantos de nós, crentes ou não crentes, agradecem a formação religiosa e moral, a estes que deram do seu tempo, da sua disponibilidade, da sua vontade; criaram recursos materiais, estratégias, atividades, para nos partilharem a sua Fé, a sua vida?
 
A primeira citação de São João, é retirada do Evangelho lido este último domingo de Pentecostes. Daqui percebemos que é o Espírito Santo que encoraja os crentes a ultrapassar os seus medos e receios, as suas limitações pessoais e dar testemunho ao mundo do amor de Jesus por todo o ser humano. Amor esse, vivido até às suas últimas consequências, a morte.
 
A segunda são as últimas palavras dirigidas por Jesus aos Apóstolos, antes de subir ao Céu, no Evangelho de São Mateus. Os Apóstolos assumiram este dever de evangelização a partir do dia de Pentecostes quando, cheios desse mesmo Espírito, começaram a pregar em diversas línguas.
 
Na programação destas minhas crónicas, percebi que por esta altura estaria com avaliações de final de ano letivo. Período um pouco trabalhoso. Pedi então a uma catequista que me desse o seu testemunho sobre este serviço à Igreja, à infância e à juventude: Margarida Santos.
 
A Margarida enviou-me um texto que não ouso modificar, pois o seu testemunho é profundo, sentido e vivido. Recordo a última vez que estive com ela. Foi na Vigília Pascal. A alegria de Cristo Ressuscitado, transbordava no seu sorriso, nos seus gestos, na sua amizade, depois daquelas duas horas de celebração na igreja da minha terra natal. Pelas suas palavras, parece ser uma catequista de idade avançada, mas não. É uma jovem, que cedo aceitou este desafio.
 
Aqui vai:
 
“Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos”
“É com esta frase que inicio pois com ela me identifico e acima de tudo identifica aquilo que deve ser o catequista.

 

Respondendo à tua pergunta aqui vai: O que me levou a ser catequista?

 

Não sei muito bem responder. Foi à cerca 26 anos atrás, era eu muito jovem… Nessa altura fazia parte do grupo de jovens e fui desafiada para fazer a experiência com um grupo de catequistas. Aceitei o desafio sem saber bem aquilo que estava a fazer, o que ia fazer, muito menos aquilo que era se catequista.

 

Hoje consciente de todo o trabalho, ser catequista é um orgulho, é sem qualquer sombra de dúvida uma vocação, uma paixão; e quanto mais aprofundo mais me apaixono (deve ser da idade).

 

Sinto-me escolhida como foram os doze, com o compromisso de missão: permanecer em Cristo e dar a conhecer Cristo Jesus.

 

Preparar os encontros de catequese e fazer catequese (digo “fazer“ e não “dar” catequese porque aquilo que tento fazer com o grupo é um caminho, um percurso…) é ter o privilégio de um encontro muito próximo com Cristo Jesus; é ter o privilégio de partilhar o Amor de Deus com o grupo de catequizandos (neste caso adolescentes) que me são confiados.

 

O meu único objetivo ao fazer catequese é formar cristãos. Formar cristãos de convicção e não cristãos de tradição. É formar cristãos comprometidos; comprometidos com a vida, comprometidos com o outro, comprometidos com Jesus Cristo, embora consciente que nem sempre é fácil, mas não posso cruzar os braços…

 

A catequese hoje exige muito. Exige uma verdadeira formação do catequista, pois não se pode resumir a catequese só à preparação das crianças/adolescentes para as “festas”, para receberem os sacramentos. Tem que ser muito mais que isso, é necessário que os catequizandos se sintam atraídos pelo meu testemunho. Na catequese assim como no nosso dia-a-dia, aquilo que nos é pedido não são grandes teorias, mas muito mais que isso. O que me é pedido é que faça passar a mensagem de Jesus Cristo feito VIDA na minha VIDA. É o que vou fazendo, ou melhor, tentando fazer ao longo desta caminhada….

 

Este trabalho não faz de mim uma pessoa diferente, sou aquilo que sou, mas torna-me uma pessoa muito mais consciente das necessidades dos nossos catequizandos, dos nossos catequistas, da catequese em geral, da comunidade em que vivo. Acima de tudo consciente da necessidade permanente de formação, pois ninguém pode dar aquilo que não têm.

 

É uma questão de FÉ. E a Fé obriga-me e obriga cada um de nós a ser sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. A ser LUZ e SAL para o mundo.

 

Esta é a forma de VIVER a minha FÉ!”

Paulo Victória

Cronista

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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