AIS: «Ninguém nos visita»

Na história deste país assombrado pela guerra, há uma cidade que parece ser hoje terra de ninguém, como se fosse um lugar fantasma. Em Manono vivem pessoas que estão como que exiladas na própria terra. A pobreza é chocante e interpela-nos. É preciso fazer alguma coisa…
 
Christine du Coudray, chefe de departamento de projectos da Fundação AIS, visitou a República Democrática do Congo e ainda está em estado de choque. Neste país, as marcas da guerra estão por todo o lado, como se fossem um aviso, uma ameaça. A violência, nesta região de África, é uma história antiga. Na base de tudo está a riqueza imensa do subsolo e as profundas rivalidades étnicas. Nos últimos vinte anos morreram mais de cinco milhões de pessoas neste país por causa da guerra.

 

A responsável pelos projectos da AIS visitou a diocese de Manono. Esta cidade foi idealizada nos tempos coloniais. Os belgas descobriram a riqueza que se esconde no subsolo desta região e decidiram criar uma empresa de extracção de minérios. Por causa disso nasceu uma cidade que ainda hoje é recordada pela excentricidade de bem-estar que oferecia para os padrões de África na época. As casas tinham água e luz eléctrica, havia escolas e centros de saúde e estradas. Ainda hoje, vista dos céus, Manono parece ter preservado a promessa de felicidades desses tempos. Mas quando se caminha pelas ruas, quando se repara nos destroços das casas, percebe-se bem a dimensão da tragédia. “Vista de perto, é uma cidade fantasma. Tudo foi destruído pela guerra, em 1999. Só sobraram ruínas”, explica Christine.
 
Pobre país rico
 
Quando Christine du Coudray se encontrou com o Bispo de Manono, D. Vicente de Paulo, ele acolheu-a dizendo: “Bem-vinda. Ninguém nos visita, a não serem vocês.” Pior do que a pobreza que espreita nas ruas, é a sensação de que tudo isso é inevitável por causa da guerra e a guerra é inevitável por causa da riqueza que se esconde debaixo da terra. É uma aparente contradição. Por causa do ouro, estanho, coltan e tungsténio, o país sucumbiu. A cobiça alimentou grupos armados. Os conflitos abriram caminho à violência, às populações em fuga. A Igreja de Manono é o retrato do país. Quando D. Vicente chegou, a diocese estava sem bispo há 5 anos. Era preciso recomeçar. Hoje, aos poucos, há sinais de esperança. Em Setembro foram ordenados dois diáconos e dois sacerdotes. Na diocese de Manono, a ajuda prestada através dos benfeitores e amigos da Fundação AIS tem feito toda a diferença. É preciso e urgente ajudar o bispo a reconstruir igrejas e capelas, a fazer renascer das ruínas os seminários e enchê-los de jovens. É fundamental que continuemos todos a ter presente, nas nossas orações, as necessidades da igreja deste país africano. Como dizia o Arcebispo de Bukavu, D. François-Xavier Rusengo, que visitou o nosso país em 2013, a convite da AIS: “Deus escuta as orações de todos, muito mais escutará as dos portugueses pela intercessão da Virgem de Fátima”.

FUNDAÇÃO AIS

Fundação de direito pontifício, a AIS ajuda os cristãos perseguidos e necessitados.

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