JMJ: Os oito patronos da Jornada Mundial da Juventude

Jornada Mundial da Juventude 23 janeiro 2019  •  Tempo de Leitura: 5

Cada Jornada Mundial da Juventude tem os seus “porta-vozes”, testemunhas que dão sentido ao acontecimento e apontam as estradas a continuar a percorrer mesmo depois das emoções dos dias passados juntos: são os patronos, escolhidos para encontro mundial dos jovens católicos.

 

Para o Panamá, evento que começou hoje e termina no domingo, com a presença do papa a partir de quinta-feira (chegada amanhã), os oitos rostos que acompanharão os jovens na sua aventura são a expressão da alma da América Latina e da sua atormentada história.

 

Apesar das suas vidas terem sido marcadas por dificuldades e feridas, nos seus olhos resplandece a luz da esperança, e neste aspeto revelam plena sintonia com o tema escolhido para a Jornada - «Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra»: como Maria, souberam confiar-se a Deus.

 

A abrir o elenco está S. João Bosco (1815-1888), cujo carisma levou frutos preciosos ao mundo latino-americano. A obra educativa nele inspirada e prosseguida pelos seus “filhos” em todo o continente continua a ser hoje um sinal profético que une a devoção mariana e o olhar positivo e benévolo em relação às novas gerações. Foi declarado «pai e mestre da juventude» em 1988, pelo papa S. João Paulo II.

 

Vem também do mundo salesiano a segunda padroeira: Ir. Maria Romero Meneses, religiosa das Filhas de Maria Auxiliadora. Nascida na Nicarágua em 1902 e falecida em 1977, dedicou à Costa Rica 46 anos da sua vida, realizando numerosas obras, como hospitais, escolas e casas para famílias mais pobres. Foi beatificada em 2002 por S. João Paulo II.

 

Protege igualmente esta Jornada “S. Romero das Américas”, como é chamado S. Óscar Arnulfo Romero y Galdámez (1917-1980), o arcebispo de S. Salvador canonizado precisamente no passado 14 de outubro, juntamente com o papa Paulo VI, no decorrer do sínodo sobre a juventude. Opôs-se abertamente a quem agia na violência e na corrupção, defendendo os pobres e oprimidos do seu país. O seu apelo à paz e à justiça social, no entanto, custou-lhe a vida: a 24 de março de 1980 foi morto à pistola enquanto celebrava missa.

 

A lista dos patronos continua com o nome de S. João Paulo II, “inventor” das jornadas e ainda hoje um modelo de força e coragem para as novas gerações. O seu carisma, que fascinou muitíssimos jovens, estava permeado de uma profunda devoção mariana, traço que o torna ainda mais próximo a este encontro.

 

Aos jovens é depois proposta a figura de um coetâneo: José Sanchez del Rio, “Joselito”. Tinha apenas 15 anos quando foi martirizado durante os confrontos violentos da denomiada guerra dos Cristeros, no México. Beatificado em 2005, foi canonizado em 2016.

 

Vem igualmente do México S. Juan Diego (1474-1548) – nascido com o nome Cuauhtlatoatzin, que significa, em língua asteca, “aquele que grita como uma água” –, um índio ao qual, no ano de 1531, em Guadalupe, aparece Nossa Senhora, pedindo que fosse erguido um edifício a ela dedicado. Nasce assim, a poucas dezenas de anos da chegada dos conquistadores europeus e do início do declínio das populações indígenas, um lugar que entrou profundamente na devoção popular não só mexicana, como também da América do Sul e Central.

 

Os jovens encontrarão depois uma santa que já conheceram na Jornada do Rio, a primeira do papa Francisco: Santa Rosa de Lima. Nascida em 1586 na capital do Peru, teve de arregaçar as mangas quando a sua família, nobre e de origem espanhola, se achou na pobreza. Foi obrigada a afastar a ideia de consagrar-se a Deus, mas não renunciou a uma vida evangélica, optando pela virgindade e cuidando de crianças e idosos, especialmente de origem índia. Aos 20 anos revestiu o hábito da Ordem Terceira dominicana e desde 1609 viveu numa cela na casa materna, orando continuamente. Morreu aos 31 anos, em 1617.

 

O elenco dos patronos encerra-se com um santo cuja mãe era originária do Panamá: S. Martinho de Porres. Nascido também em Lima, no ano de 1579, era filho de um aristocrata espanhol e de uma ex-escrava. Quando o pai se tornou governador do Panamá, Martinho ficou junto da mãe. O seu sonho era tornar-se religioso entre os dominicanos, que o acolheram, embora relegando-o para tarefas humildes e marginais, sendo Martinho um mulato. Bem cedo, no entanto, aperceberam-se do seu vigor na fé e decidiram frutificar o seu carisma. Assim Martinho tornou-se referência para muitos, inclusive poderosos, ainda que vivendo com e para os pobres e doentes. Morreu em 1639.

 

[Matteo Liut | In Avvenire]

tags: Jmj, Jovens

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