Falar às crianças

Razões para Acreditar 30 agosto 2018  •  Tempo de Leitura: 2

«A palavra sábia é aquela que, quando contada a uma criança, é entendida sem necessidade de explicações.»

 

Devo confessar que o público que me deixa mais embaraçado quando tenho que fazer um discurso ou uma homilia é o das crianças. Sem o falso “aprumo” ostentado pelos adultos, que também esconde as distrações, elas revelam de maneira explícita e sincera a sua atenção ou o seu tédio.

 

É por isso que as palavras a elas destinadas devem ter não só uma substância, mas também uma sabedoria expositiva: se se conseguir entretecer estes dois talentos, então acontecerá que também os adultos permanecerão envolvidos.

 

É isto que recorda o grande escritor espanhol Miguel de Unamuno (1864-1936) na frase que proponho hoje. A arte de comunicar é um pouco inata e um pouco (na verdade, muito) aprendida, e por isso tem de ser adquirida.

 

A improvisação – pelo menos em assuntos sérios – é sempre perigosa e, infelizmente, não é raro comprová-lo também nas homilias dominicais.

 

Os pais, se querem oferecer aos seus filhos um verdadeiro ensinamento, não devem contentar-se com as costumeiras boas palavras ou com a repreensão instintiva: as crianças são as primeiras a dar-se conta, deixando passar essas palavras como água sobre pedra.

 

O tema da comunicação alarga-se a todas as relações humanas, e eu gostaria de destacar a sua relevância com uma frase do filósofo alemão Hans Georg Gadamer, que morreu em 2002, aos 102 anos:

 

«A comunicação é o terreno no qual se joga toda a oportunidades de encontro entre os homens e dos homens com os acontecimentos, e portanto também o futuro da humanidade».

 

[P. (Card.) Gianfranco Ravasi | In Avvenire]

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