Livro da semana: «Sendino está a morrer – A elegância do adeus»

Livros 13 setembro 2017  •  Tempo de Leitura: 4

“Se é verdade que os últimos dias e até as últimas horas na vida de uma pessoa simbolizam bem o que essa pessoa foi ou quis ser, então devo pensar que Sendino era o que no catolicismo se entende por santo.” Pablo D’Ors

 

A história deste livro faz-nos recuar aos meses de maio a julho de 2008 e resulta de um diálogo entre a paciente com doença oncológica terminal, África Sendino (médica) e o seu capelão Pablo D’Ors num hospital espanhol em Madrid.

 

Pablo D’Ors dá-nos a conhecer o contexto e qual o propósito deste livro quando afirma que “este documento pretende reflectir […] como eu vivi os seus últimos dias e também a profunda impressão que produziu em mim o seu lento apagamento; um apagar-se que, misteriosamente, nos foi alumiando a todos quantos a tivemos perto de nós.”

 

Quando é diagnosticado a Sendino o cancro da mama, esta começa a escrever um diário onde expõe o seu sentir mais profundo dando início a um diálogo com Deus. Este diálogo revela a sua postura perante o dom que é a vida, quando diz: “«Senhor (rezei), só me ocorre dizer-te que quero que sirva para tua maior glória o que me tocar viver a partir de agora. Tu saberás o caminho que inicias. Tu saberás aonde me conduzes».” Este testemunho de fé vivido na doença até ao fim impressiona Pablo pela sua dignidade: intensa espiritualidade ao ponto de dar um sentido ao valor cristão do sofrimento.

 

Pablo conta-nos que “em Sendino, o religioso era a sua própria consciência, mas elevada à sua expressão mais simples e mais bela; era enfim, o que eu sempre intuí que devia ser e que nela se podia ver, final e conseguidamente, incarnado. Com tudo isto estou a entrar no que esta mulher médica e doente, conseguiu despertar na minha interioridade. Por isso, antes de entrar no seu quarto, eu pensava bastante. Sabia que do encontro com Sendino não sairia como do encontro com qualquer outro doente”, (…) “compreendia que uma vez mais o próprio Deus me queria dizer alguma coisa e, nessa ocasião, por meio daquela mulher. A Palavra de Deus sempre me causou arrepios, com toda a certeza pela dolorosa inadequação entre o que ela me pede e o que eu estou disposto a dar. Por isso, ali estava eu, naquela cadeirita, embargado por uma estranha sensação: tinha ido para ajudar uma doente, mas, em vez disso, quem ia ser ajudado era eu. Tratava-se da experiência sacerdotal por excelência, o mais alto cume do evangelizador: os pobres evangelizam-nos.”

 

Entrevista a Pablo D’Ors:

 

 

Informação disponibilizada pela editora sobre o autor à data da publicação desta obra:

 

“Pablo d’Ors (Madrid, 1963) é sacerdote católico, escritor e, por expressa designação do papa Francisco, consultor do Pontifício Conselho da Cultura (Vaticano). É ainda fundador da associação Amigos do Deserto, cujo propósito é o de aprofundar e promover a prática da meditação. Publicou entre outros livros, a chamada «Trilogia do

 

Silêncio», constituída pelos títulos: O amigo do deserto (2009), O esquecimento de si (2013), em que presta homenagem a Charles de Foucauld, e A biografia do silêncio (2012), um autêntico fenómeno editorial, já publicado pela Paulinas Editora.”

 

Público-alvo: Jovem/Adulto

 

Ficha técnica:

Título – Sendino está a morrer – A elegância do adeus | Autor – Pablo D’Ors | Editor – Paulinas Editora, 1 ed. Dezembro 2014, págs.: 80 | ISBN: 978-989-673-421-3.

Agostinho Faria

Redator Livros

Licenciado em Comunicação Social e Cultural. Pós-graduado em Ciências da Informação e da Documentação. A viajar no surpreendente mundo novo das Paulinas Multimédia Lisboa.

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