O amor faz tudo novo

Liturgia 15 maio 2022  •  Tempo de Leitura: 3

DOMINGO V DA PÁSCOA Ano C

Como Eu vos amei,

amai-vos também

uns aos outros.” 

[Jo 13, 34]

 

É próprio do tempo os mundos antigos desaparecerem. E configurarem-se em novas realidades as intuições fundamentais. Quando Jesus confia o mandamento de amar não deixa manual de instruções. Acredita que o reinventaremos em milhares de expressões, que às vezes o esqueceremos para nos enredarmos em lutas de poder e domínio, e esqueceremos de mergulhar nos olhos de quem sofre, com medo de pôr em causa a lei ou abalar a tradição. Sabe que diremos palavras belas sobre ele e escreveremos tratados. Mas o que tocará fundo o coração humano será a vida de Francisco de Assis ou de Teresa de Calcutá, e a de todos que, mais do que viverem o amor, serão amor! Em Deus é substantivo, em nós é verbo!

 

É no encontro com quem sofre que melhor se revela a missão de Jesus. Da cura de doentes à salvação de quem vive fechado no pecado ou excluído da comunidade, Jesus acolhe e também vai ao encontro. Não é super-homem nem curandeiro e a paixão mostra-nos como é real a sua encarnação. Mas é precisamente esse o caminho que nos confia: o de encarnarmos mais fundo a nossa própria humanidade, descer dos “altares” em que colocámos a fé e o saber, e aproximarmo-nos do que está caído e do que espera a morte, para cuidar, para levantar, ou simplesmente para acompanhar. Por isso é tão importante “ver” a realidade em comum, com a partilha de muitos “pontos de vista”, para a descobrir como “o lugar onde Deus se diz”.  Jesus “provoca-nos”, chama-nos a concretizar o amor e a “renovar todas as coisas” também a partir do sofrimento da humanidade. O que nada vale aos olhos do mundo, o que se esconde porque está velho ou é imperfeito, torna-se o lugar onde Deus pergunta: “podes amar-me?”

 

Dizia alguém que “os hospitais são as novas catedrais do nosso tempo”. Também falamos das “catedrais do consumo e do lazer” que são os centros comerciais e os estádios, e até das “catedrais do dinheiro” que não é preciso dizer quais são. Mas os hospitais, como encruzilhada da vida de todos, merecem bem esse título. Porque o cuidado da vida, da conceção à vida eterna, é a expressão concreta do amor, e nenhum louvor pode chegar a Deus que não brote desse cuidado. Porque muitos podem não acreditar em Deus (principalmente nas imagens deformadas que d’Ele persistem) mas o seu cuidado, o seu carinho e paciência de profissionais e voluntários de saúde são a melhor imagem de Jesus a amar. Todos sentimos a impotência e fragilidade diante do sofrimento e da morte, mas o amor, este amor que faz alargar o coração, tem uma força admirável. É esse amor que faz tudo novo!

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