Os nossos medos

Liturgia 25 junho 2017  •  Tempo de Leitura: 3

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus capitulo 10,26-33 que corresponde ao 12º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.


Quando o nosso coração não está habitado por um amor forte ou uma fé firme, facilmente a nossa vida fica à mercê dos nossos medos. Às vezes é o medo de perder prestígio, segurança, conforto ou bem-estar o que nos trava de tomar as decisões. Não nos atrevemos a arriscar a nossa posição social, o nosso dinheiro ou a nossa pequena felicidade.

 

Outras vezes paralisa-nos o medo de não sermos acolhidos. Atemoriza-nos a possibilidade de ficarmos sós, sem a amizade ou o amor das pessoas. Ter de enfrentarmos a vida diária sem a companhia próxima de ninguém.

 

Com frequência vivemos preocupados apenas em ficar bem. Nos dá medo fazer o ridículo, confessar as nossas verdadeiras convicções, dar testemunho da nossa fé. Tememos as críticas, os comentários e a rejeição dos outros. Não queremos ser classificados. Outras vezes invade-nos o temor do futuro. Não vemos claro o nosso caminho. Não temos segurança em nada. Talvez não confiemos em ninguém. Nos dá medo enfrentar o amanhã.

 

Sempre foi tentador para os crentes procurar na religião um refúgio seguro que nos liberte dos nossos medos, incertezas e temores. Mas seria um erro ver na fé o refúgio fácil dos pusilânimes, dos covardes e ariscos.

 

A fé confiada em Deus, quando é bem entendida, não conduz o crente a eludir a sua própria responsabilidade ante os problemas. Não o leva a fugir dos conflitos para encerrar-se comodamente no isolamento. Pelo contrário, é a fé em Deus a que enche o seu coração de força para viver com mais generosidade e de forma mais arriscada. É a confiança viva no Pai que ajuda a superar covardias e medos para defender com mais audácia e liberdade o reino de Deus e a sua justiça.

 

A fé não cria homens covardes, mas pessoas resolutas e audazes. Não fecha os crentes em si mesmos, mas abre-os mais à vida problemática e conflitiva de cada dia. Não os envolve na preguiça e na comodidade, mas anima-os para o compromisso.

 

Quando um crente escuta verdadeiramente no seu coração as palavras de Jesus: “Não tenham medo”, não se sente convidado a fugir de seus compromissos, mas alentado pela força de Deus a enfrentá-los.

Instituto Humanitas Unisinos – IHU

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