A glória de servir

Liturgia 21 outubro 2018  •  Tempo de Leitura: 4

DOMINGO XXIX COMUM Ano B

Não deve ser assim entre vós: 

quem entre vós quiser tornar-se grande,

será vosso servo.

Mc 10, 43

 

O contraste não podia ser maior. Jesus e os discípulos, em movimento para Jerusalém, meta de sofrimento e morte, já três vezes anunciada por Jesus, e eles, surdos às suas palavras, sonhando com toda a glória e poder que esperavam do triunfo do Messias. Jesus a caminhar, e Tiago e João a pedirem para se sentarem, à sua direita e à sua esquerda! Mal imaginavam que, quem teria a honra de estar ao lado de Jesus na hora da sua plena entrega seriam dois malfeitores! Não é fácil entender o que é o poder, a glória, a autoridade para Deus. Julgamos que o importante é mandar, oprimir, subjugar e controlar. O poder e a autoridade cegam…

 

Jesus não rejeita o pedido dos dois irmãos. Aceita o desejo e aproveita para os “pescar”, pela boca, como se faz ao peixe, e fala-lhes de cálice e de baptismo. Agarra-os para a sua Páscoa e toda a renovação de vida que dela virá. Une-os à sua entrega de amor e compromete-os com a novidade do Evangelho. Quando S. Marcos escreve o seu evangelho, Tiago já tinha dado a vida por Jesus. Já tinha bebido o cálice e recebido o baptismo de que Jesus falara, e a resposta que então dera tinha-se concretizado. Ele e João, bem como os outros, já tinham entendido, que entre os discípulos de Jesus, a autoridade e o poder tinham de ser à maneira de Jesus: servindo e dando a vida. Não “sentados”, mas em “caminho”!

  

O sinal mais evidente de identificação com Jesus é a missão. Na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano, o Papa Francisco, dirigindo-se a todos, e particularmente aos jovens (pela realização do Sínodo dos Bispos a eles dedicado), começa por recordar que a vida de cada um de nós “é uma missão”. “Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos que o nosso coração, sobretudo quando é jovem em idade, sente como forças interiores do amor que prometem futuro e impelem a nossa existência para a frente.” Se a fé é uma espécie de “tesouro” de família que se guarda num cofre, e o evangelho um livro bonito para enfeitar uma estante lá de casa, não estamos em caminho com Jesus Cristo. Como diz o Papa: “esta transmissão da fé, coração da missão da Igreja, verifica-se através do «contágio» do amor, onde a alegria e o entusiasmo expressam o sentido reencontrado e a plenitude da vida.”

 

Missão não é só ir para longe, levar Jesus a quem nunca ouviu falar d'Ele (embora sejam milhões!), quantas vezes, impondo e dominando em vez de servir e reconhecendo que o amor de Deus já chegou primeiro. Missão é transbordar com verdade o que vivemos com Jesus, na imperfeição e na confiança, no perdão e na festa, na libertação e na esperança.

 

Com que alegria vivi o anúncio da escolha de D. Daniel Batalha Henriques para Bispo Auxiliar de Lisboa! A alegria do caminho partilhado desde o primeiro dia de seminário e do testemunho de serviço e amor à Igreja que sempre impulsionou para a missão. Desejo-lhe a constante descoberta de ser pastor como Jesus, e da glória que é servir!

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail